FGTS agora rende mais que CDI e Tesouro Selic. Vale a pena sacar?
Theo Linero, CFP®, responde:
Prezado Leitor,
A resposta à esta pergunta depende da realidade que você está vivendo e, para respondê-la da forma mais adequada, coloco abaixo algumas possibilidades.
Antes, porém, é importante um panorama rápido sobre o mercado que irá servir como base para a resposta que será dada na sequência. A Selic encontra-se hoje no patamar de 2,25% a.a. e o CDI tende a ficar muito próximo disso. Já a rentabilidade do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) é de 3% a.a. mais TR, taxa referencial, que atualmente está zerada. Os rendimentos advindos do programa são isentos de imposto de renda, assim como acontece com a poupança.
Desta forma, olhando somente pelo prisma da rentabilidade, os números acabam falando por si e teríamos a resposta de que não vale a pena sacar o valor que atualmente está no FGTS.
Entretanto, o saldo deste fundo tem uma particularidade: baixíssima liquidez. Isso significa que o dinheiro não pode ser sacado (ou resgatado como falado em outros investimentos) a qualquer momento, somente em casos bem específicos. Atualmente, além da possibilidade de receber parte do valor do FGTS por demissão sem justa causa pelo empregador, término do contrato por prazo determinado, aposentadoria, dentre outros motivos, há também a opção pelo saque-aniversário, que permite a retirada de parte do saldo a cada ano, a depender do valor que se tenha no fundo e o saque emergencial, no valor de até R$ 1.045,00 que podem ser retirados, conforme cronograma divulgado pela Caixa, até o final de 2020.
Na tríade de investimentos: rentabilidade, liquidez e segurança, é possível verificar que, atualmente, apesar de apresentar rentabilidade e segurança, os valores no FGTS não possuem liquidez.
Assim, caso você esteja precisando do dinheiro para recompor sua reserva de liquidez (ou emergência) ou mesmo começar uma, a orientação é que realize o saque e tenha o dinheiro à sua disposição, lembrando que o foco desta reserva é ter o dinheiro disponível no momento em que uma emergência acontecer.
Outro cenário no qual pode ser interessante o saque do valor do FGTS é se você tem dívidas, as quais, muito provavelmente, têm um custo mais elevado que a rentabilidade obtida no fundo de garantia. Neste caso, a orientação é realizar o saque para quitar ou amortizar (reduzir) parte da dívida.
Por fim, se você não tem dívidas, já possui sua reserva de emergências e está ávido por outras opções de investimento, respeitando, claro, seu perfil de investidor(a), o saque também pode se mostrar uma alternativa, visando a aplicação do recurso em investimentos um pouco mais arriscados.
Porém, se você se encaixa em uma das alternativas a seguir: (a) tem a expectativa que a Selic se mantenha em patamares mais baixos nos próximos anos; (b) possui planos para quitar ou quem sabe iniciar um financiamento imobiliário; ou (c) tem dificuldades para guardar dinheiro e, sempre que possui alguma reserva, acaba gastando; manter o valor do FGTS é o mais indicado, visto que dificilmente você encontrará opções de baixo risco que paguem a rentabilidade hoje encontrada no FGTS.
Theo Linero é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected].
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Texto publicado no site Época Negócios em 21 de julho de 2020.