Investir por conta própria vale mais a pena?
Roberto Cazzetta, CFP®, responde:
Começar a investir é uma decisão muito importante na vida de uma pessoa. De acordo com a ANBIMA na 6ª edição do “Raio-X do Investidor Brasileiro”, apenas 36% da população brasileira são investidores. Logo, ter condições para começar a investir independentemente da quantia inicial já pode ser considerado uma conquista.
Há vários tipos de investidores iniciantes, como aquele que conseguiu executar um planejamento financeiro e quer começar a investir do zero; ou aquele que, por algum motivo, recebeu um alto valor de uma só vez (herança, venda de imóvel, ação judicial etc.) e não sabe como investir a quantia; ou o indivíduo que já possui algum dinheiro guardado em uma aplicação conservadora e tradicional, mas nunca se preocupou ou não tem interesse em saber mais sobre investimentos. De maneira geral, em todos os casos, a falta de conhecimento básico somada à falta de aconselhamento tem como possíveis consequências a rentabilidade abaixo do potencial ao longo do tempo, o excesso de risco com possibilidade de perda financeira e o desalinhamento das características dos produtos investidos com os objetivos, desejos e necessidades do investidor. Além disso, uma má experiência para quem está começando pode gerar frustração, perda de confiança e crenças erradas sobre o funcionamento do mercado financeiro.
Para quem está começando a investir, existem alguns caminhos possíveis de serem trilhados para uma boa experiência e um melhor resultado para seus objetivos. O autoaprendizado é uma possibilidade, pois com a acessibilidade dos meios digitais é viável acessar ótimos conteúdos para iniciantes. É importante observar a fonte e dar preferência a consumir conteúdos de quem possui algum tipo de certificação financeira profissional, como a CEA (Especialista de Investimentos – ANBIMA), a CFP (Planejador Financeiro – Planejar), a ANCORD (Agente Autônomo de Investimento) e a CNPI (Analista de Investimentos – CVM). Além disso, existem empresas especializadas em gerar conteúdos de investimento, tais quais as casas de análise independentes, e até instituições de ensino, tradicionais ou digitais, que oferecem cursos e pós-graduações para quem deseja se aprofundar ainda mais.
Para quem não pretende estudar por conta própria, é aconselhável buscar assessoria de profissionais certificados, ou seja, que comprovaram conhecimento técnico para prestar esse tipo de serviço. Esses profissionais podem ser encontrados em instituições financeiras tradicionais, como bancos, cooperativas financeiras e corretoras, e também em empresas de serviços financeiros, como escritórios de investimento, de planejamento financeiro e de gestão de patrimônio. Cada vez mais esse tipo de serviço personalizado é oferecido por canais digitais, o que facilita o acesso da população em geral ao que antes era exclusividade de grandes investidores.
Assim como em qualquer área da vida, começar a investir, seja do zero ou reconfigurando uma carteira já existente, exige um certo grau de conhecimento técnico e, principalmente, de psicologia financeira. Contar com apoio especializado, além de evitar uma série de erros que podem custar caro, tanto financeira como emocionalmente, ajuda a montar e manter um plano de investimentos que seja sustentável e contribua para a prosperidade do indivíduo e de sua família ao longo dos anos.
Roberto Cazzetta é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: [email protected]
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Texto publicado no jornal Valor Econômico em 29 de janeiro de 2024