O princípio da confidencialidade
Nossa família decidiu elaborar um planejamento financeiro e fomos orientados a contratar um profissional certificado para a concepção e implementação do mesmo. Entendemos que se trata de um processo com a troca de informações e dados pessoais e confidenciais. Isto nos preocupa. Estou errado?
Maílson Hykavei, CFP®:
Caro leitor, obrigado pela pergunta pertinente sobre o tema da confidencialidade, que tem sido mal tratada frequentemente. Um relacionamento de confiança só pode ser construído sob o entendimento de que as informações serão tratadas de forma discreta e segura, e não serão reveladas inadequadamente. Neste contexto, a atitude do profissional e demais envolvidos pode ser tão relevante como o texto da lei, como por exemplo no trato dado ao sigilo bancário.
A confidencialidade é um dos princípios do Código de Ética e Responsabilidade Profissional do IBCPF. Para detalhes sugiro consultar o link www.ibcpf.org.br/PlanejadorFinanceiro/Codigo-de-etica.
Todo profissional com a certificação CFP (Certified Financial Planner) adere formalmente a este código, comprometendo-se a respeitar o espírito, os princípios e as regras nele contidas, seja o profissional empregado de uma instituição financeira ou de forma independente.
Confidencialidade exige do profissional certificado a guarda e proteção das informações dos clientes, de forma a permitir acesso prudente apenas às pessoas autorizadas.
O planejador financeiro certificado deverá tratar as informações do cliente como confidenciais, exceto se tiver de responder a processos legais ou para satisfação da legislação e regulamentação oficiais vigentes; conforme necessário para atender a obrigações para com empregador ou sócios do profissional; para se defender contra acusações de conduta irregular; em conexão com disputa civil ou procedimento criminal, ou conforme necessário para realizar serviços profissionais em nome do cliente.
Vale salientar que a experiência demonstra que com certa frequência a confidencialidade acaba ferida pelo próprio cliente, por falta de cuidado nas comunicações, em especial através de mídias sociais, e-mail e telefone, guarda imprudente de documentos e excesso de confiança nas conversas informais em locais públicos ou com familiares e amigos que não precisem estar a par do assunto.
Além da adesão ao Código de Ética, que deve ser renovada a cada dois anos, para alcançar a certificação é necessário possuir experiência profissional, ter sucesso em exame abrangente e estar comprometido com a sua educação continuada, que exige a comprovação de atualização nos temas que abrangem o planejamento financeiro, incluindo aquele específico ao tema da ética.
O profissional que desrespeitar esse ou outro princípio deste código pode sofrer diversas sanções, que vão de uma advertência privada do Conselho de Normas Éticas até a revogação do direito de uso das marcas e exclusão do quadro de profissionais CFP, divulgada nos meios de comunicação do Instituto.
No dia a dia falamos pouco sobre confidencialidade, apesar de nos incomodarmos muito no caso de haver falta dela. Infelizmente alguns confundem confidencialidade com esconder algo indevido.
Desejo-lhes sucesso no processo e implementação do planejamento financeiro. O apoio de um profissional CFP certamente será um excelente alicerce. Que você realize seus sonhos de vida, de forma responsável, realista e sustentável.
Maílson Hykavei é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected]
As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: [email protected]
Texto publicado no jornal Valor Econômico em 15 de dezembro de 2014.