O que devo fazer para me organizar financeiramente?

Lembre-se que o melhor planejamento é aquele que funciona para você

Julianne Simões CFP®, responde:

Um planejamento é realizado para que você possa conquistar os seus objetivos, sonhos e se proteger de eventualidades. Para isso, o ideal é buscar o equilíbrio financeiro e, sobretudo, bem-estar.

O primeiro passo para se organizar é fazer um mapeamento do seu custo de vida atual e do custo dos seus projetos futuros. Dessa maneira, você terá clareza de quais serão os próximos passos.

Você pode começar com uma ferramenta de controle financeiro à sua escolha, mas lembre-se: deve ser uma ferramenta que facilite o seu dia a dia. Pode ser com uma planilha, aplicativos de controle financeiro ou até mesmo estruturas financeiras como meio de simplificar a gestão das suas finanças.

Esse mapeamento pode ser classificado em três grandes classes: receitas, investimentos e despesas. Essa separação vai nortear o montante necessário para cada objetivo, evitando que você eleve o seu custo de vida para além de suas receitas.

Existem algumas maneiras de elaborar um orçamento. Segue sugestão:

1- Receitas:

Considere as suas receitas mensais e anuais (salário, bônus, férias, 13º salário, comissões). Dessa maneira, você terá uma previsão dos períodos de maiores entradas para se programar para realizar projetos maiores. 

2- Investimentos:

Um dos primeiros objetivos recomendados é a reserva de emergência. Não existe uma regra, mas, quanto maior forem as despesas fixas e menor for a previsibilidade de renda, maior será a necessidade de reserva de emergência.

Por exemplo: alguém que reside com os pais, não possui dependentes, tem poucos compromissos financeiros e trabalha no regime CLT poderia ter uma reserva de três meses, levando em conta seu custo de vida mensal. Já para um autônomo com rendas variáveis, o recomendado é ter de seis a doze meses de reserva de emergência.

Na categoria de investimentos, você pode criar os seus projetos de vida. Por exemplo: na compra de um automóvel no valor de R$ 50.000,00, para acumular esse valor você teria que investir mensalmente R$ 805,00 durante 48 meses – considerando investimentos em produtos conservadores com rendimento de 100% do CDI atual (13,65% a.a. e 1,07% a.m.).

3- Despesas:

Podemos dividi-las nas seguintes categorias:

– Despesas fixas: de maneira simplificada, são aquelas que não possuem variações no decorrer dos meses: mensalidades educacionais, academia, assinaturas de streaming, parcelas de financiamentos, mensalidades de condomínio etc. Para facilitar o seu planejamento, você pode utilizar uma regra de bolso, considerando nessa categoria despesas que possuem pouquíssima variação, como contas de gás, água e energia elétrica.

– Despesas variáveis: por outro lado, as despesas variáveis são aquelas que podem sofrer grandes variações de um mês para o outro: deliveries, combustível, viagens, vestuário, supermercado etc.

– Despesas eventuais: são aquelas que surgem sem aviso prévio, conforme os exemplos abaixo: 

• Pontuais: aquelas que acontecem em eventos únicos: IPVA, IPTU, rematrículas, aumento de preços devido à atualização da inflação etc.

• Inesperadas: geralmente estão ligadas a alguma emergência e podem impactar o seu fluxo financeiro mensal e até comprometer os próximos meses: imprevistos na saúde, manutenção de bens etc. – por isso a importância da reserva de emergência.

Lembre-se: o melhor planejamento é aquele que funciona para você.

Julianne Simões é planejadora financeira pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail:[email protected]

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: [email protected]

Texto publicado no jornal Valor Econômico em 21 de Novembro de 2022.