O que observar para investir em 2021?
“Com todas as mudanças ocorridas recentemente, o que observar para investir em 2021?”
Daniel Gama CFP®, Responde:
É importante ter em mente que toda análise econômico-financeira, em especial no momento singular pelo qual a economia passa, deve ser elaborada de acordo com o perfil específico de cada investidor, considerando não somente sua tolerância ao risco como também sua capacidade, a qual engloba diversas variáveis como objetivos, prazos, necessidades e familiaridade.
Passada a fase dessa análise inicial, é fundamental que tracemos um perfil geral do mercado, guardando especial atenção à importância de uma reserva de emergência, que requer analisar possibilidades de investimento menos agressivas e com maior liquidez.
Nesse contexto, cabe ressaltar que a taxa Selic atualmente está nos patamares mais reduzidos desde o início de sua série histórica.
Tal realidade fez com que os investimentos mais conservadores sentissem de forma contundente a pressão desse cenário macroeconômico, muito embora seja notório que os aspectos psicológicos ainda carregam grande peso nas decisões finais do investidor.
A poupança, por exemplo, ainda que não consiga repor a inflação, segue firme batendo recordes. Com captação total líquida ultrapassando os R$ 150 bilhões em 2020, a poupança ainda é a líder de preferência dos brasileiros, muito em decorrência da simplicidade de absorção e facilidade de aplicação.
Ocorre que existem alternativas em renda fixa com possibilidade de rendimentos maiores e mais significativos. É o caso, por exemplo, do Tesouro Selic e dos CDB-DI. Caso haja a necessidade de resgate do Tesouro Selic antes do vencimento, existe a possibilidade de rentabilidades negativas em função dos preços do mercado no dia, porém o investimento tem a segurança do Tesouro Nacional. Já os CDB-DI dos bancos são assegurados pelo Fundo Garantidor de Crédito até o limite de R$ 250 mil por instituição por CPF, e de R$ 1 milhão no total de todas as instituições por CPF.
A boa notícia para o leitor é que, diante da globalização da tecnologia e da universalização dos investimentos, é possível ter acesso a outras opções sem a necessidade de quantias relativamente elevadas de recursos. No mercado de renda fixa, por exemplo, o investidor tem acesso a diversas alternativas: além dos já mencionados Tesouro Selic e CDB, há possibilidade dos títulos do Tesouro prefixados e dos atrelados ao IPCA, e de títulos privados como LCIs e LCAs.
Para investidores com mais apetite ao risco, não se pode deixar de mencionar os investimentos em títulos emitidos por empresas, como debêntures, CRIs e CRAs, Fundos Multimercado, Fundos Imobiliários e, em renda variável, ETFs e ações.
Depois da forte queda ocorrida durante 2020 com o impacto da pandemia, o Índice Bovespa já se valorizou e se encontra novamente nos patamares aproximados de seu topo histórico, registrado em janeiro de 2020, logo antes da Covid-19. Ainda que esteja nesse patamar elevado, não se pode afirmar que a Bolsa brasileira está eminentemente cara, já que o Ibovespa dolarizado ainda está na casa dos 22 mil pontos, muito distante de seu topo histórico da casa dos 45 mil pontos.
Em resumo, é importantíssimo lembrar que é necessário avaliar o perfil de risco de cada investidor individualmente, observando que uma carteira de investimentos ideal deve sempre dispor de uma eficiente diversificação, o que é considerado pela teoria econômica como a otimização do retorno em relação ao risco.
Daniel Gama é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected]
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Texto publicado no jornal Valor Econômico em 22 de fevereiro de 2021