Seu Planejamento Financeiro

O que se deve fazer com a restituição de imposto de renda?

Onde Investir?

Lucas Signorini Reinhardt, CFP®, responde:

Primeiramente é importante saber o que é a restituição do Imposto de Renda. Nada mais é do que a devolução de um imposto retido na fonte que foi pago pelo contribuinte acima do valor devido, portanto trata-se de uma devolução de um valor pago no ano anterior.

O valor da restituição será pago em um cronograma que obedece uma ordem de chegada de acordo com a data de entrega da declaração, porém alguns contribuintes como idosos, professores e pessoas com deficiência têm prioridade no recebimento, neste caso receberão no primeiro lote, já os demais receberão suas restituições a partir do mês de julho de cada ano.

O valor da restituição é pago ao contribuinte corrigido pela taxa Selic, portanto caso o investidor não tenha pressa em receber o recurso, poderá enviar sua declaração em uma data mais próxima ao prazo limite, recebendo sua restituição em uma data mais longa, tendo seu capital corrigido por mais tempo. Desta forma o contribuinte recebe seu capital corrigido pela taxa Selic, sem incidência de impostos sobre este rendimento. Vale lembrar que seria bastante difícil se auferir uma rentabilidade de 100% da Selic com isenção de IR em um investimento no mercado financeiro, sem que para isso tenha que se correr riscos elevados.

Outra opção interessante que está disponível para contribuintes que fazem sua declaração de imposto de renda no modelo completo é a realização de um aporte em um plano de previdência no modelo PGBL. Nesta opção o investidor diminui a sua renda tributável em até 12% o que gera um interessante benefício tributário.

Uma pessoa que possui uma renda tributável por exemplo de R$ 60.000,00, pode contribuir com R$ 7.200,00 em um PGBL e diminuir sua renda tributável para R$ 52.800,00, desta forma um valor que seria destinado a pagamento de imposto de renda pode ser convertido em um importante incremento na reserva financeira do investidor.

O valor da restituição também pode ser destinado a investimentos diversificados de acordo com cada perfil de investidor, porém o papel de escolher as opções corretas para composição de uma carteira pode se tornar uma tarefa difícil, principalmente em função do crescente aumento das alternativas disponíveis ao investidor.

Para facilitar esta escolha é muito importante ressaltar que hoje temos diversos tipos de investimentos que acumulam altas taxas de rentabilidades, principalmente se analisarmos os últimos 12 meses.

Como nossas taxas de juros caíram muito, podemos observar uma forte valorização em alguns títulos de renda fixa, como no tesouro direto e fundos de investimentos que se expõem a taxas prefixadas e índices de preço, além disso diversos investimentos em renda variável também acumulam uma alta rentabilidade, afinal nossa bolsa está em suas máximas históricas.

Diante deste cenário, é muito comum que os investidores incorrem no erro de tomar suas decisões de investimento utilizando como principal balizador de escolha as altas rentabilidades que alguns investimentos apresentaram.

É necessário alertar que na maioria das vezes esta atitude pode induzir o investidor ao erro. Isto ocorre porque não existe a garantia de que estes investimentos replicarão uma boa performance passada, podendo inclusive apresentar perdas, dependendo do cenário.

            Por isso é de suma importância que a tomada de decisão em um investimento seja pautada primeiramente pela compreensão do funcionamento de cada produto, e como ele se comporta diante dos movimentos de mercado, desta forma o investidor está preparado para oscilações futuras e compreende de forma mais clara o prazo de manutenção em cada estratégia.

            Outro fator relevante a se analisar em um investimento é sua relação risco/retorno, ou seja, optar por investimentos que apresentam o maior potencial de retorno, porém com o menor risco possível de acordo com suas características.

            Com o crescente aumento das opções de alocação, a tarefa de se escolher entre diferentes produtos deve ser feita de forma criteriosa. Muitas vezes temos a disposição diversos tipos de investimentos que são de mesma classe ou que possuem até mesmo nomes parecidos, porém de características completamente distintas. Neste cenário o indicado é a escolha de opções mais diversificadas, ou seja, veículos de investimento que independem de um cenário específico, com perfil não direcional. Por exemplo, para investidores que buscam se expor ao mercado de ações, não seria prudente se concentrar o capital em uma única ação, ou a um setor específico, a sugestão de diversificar em diferentes ações pode proporcionar ganhos ou minimizar os prejuízos em diferentes cenários.

            Para investidores que assumem uma postura mais conservadora é importante ressaltar que a realidade atual da taxa de juros brasileira oferece um cenário absolutamente diferente do que estávamos acostumados até hoje.

            Nossa taxa Selic é a mais baixa da história. Um investimento, que há dois anos, remunerava o investidor a uma taxa de 1% ao mês, entrega hoje menos da metade disso. Esta nova realidade deve estar cada vez mais presente na vida do investidor brasileiro, logo, caso queira alcançar retornos acima da média será necessário repensar a forma como lidamos com o risco em nossos investimentos. O momento é propício para uma nova cultura ao investir e o abandono de uma postura mais acomodada.

Lucas Signorini Reinhardt é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected]

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do site ÉpocaNegócios.com ou da Planejar. O site e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações

Texto publicado no site Época Negócios em 17 de setembro de 2019.

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