Artigos Planejar

Para quem não pretende morar fora, também vale investir no exterior?

Os investimentos no exterior podem ser encarados como uma maneira de diversificação de risco nos âmbitos macro e microeconômico

Fernanda Coelho CFP®, responde:

Caro(a) leitor(a), 

O investidor que procura segurança e rentabilidade deve estar atento às melhores alternativas para investir e, com um cenário cada vez mais globalizado, o investimento no exterior é uma opção que não pode ser ignorada, afinal o Brasil representa apenas uma pequena parcela dos ativos financeiros globais. Atualmente lidamos no dia a dia com produtos e serviços de vários países. E por que não pensar em replicar esse racional para a carteira de investimentos?

Se, no passado, o investimento no exterior era mais restrito e exigente, sendo viável apenas para montantes elevados ou para quem estivesse fisicamente fora do Brasil, hoje já há uma democratização dessa modalidade de ativos com diversas opções acessíveis de forma simples e segura.

Em termos comportamentais, é comum que se opte pela escolha de ativos com os quais se tenha alguma familiaridade e, nesse sentido, o investimento no exterior acaba por se tornar algo distante de grande parte dos investidores nacionais. Mas vale lembrar que a palavra-chave para uma carteira de investimentos eficiente é a diversificação. Assim, os investimentos no exterior podem ser encarados como uma maneira de diversificação de risco nos âmbitos macro e microeconômico.

Quando nos referimos ao âmbito macroeconômico, falamos sobre o risco relacionado à taxa de juros, ao câmbio e, inevitavelmente, ao risco político-econômico do país. Esses são aspectos que influenciam diretamente a rentabilidade, a liquidez e o risco dos ativos financeiros. Sendo o Brasil um país historicamente considerado com alta volatilidade, há quem busque no exterior um porto-seguro com ativos menos voláteis e mais líquidos, ainda que a busca por informações e orientação profissional para a escolha desses ativos seja fundamental, uma vez que há ativos para todos os perfis.

Quanto ao âmbito microeconômico, é preciso analisar o que faz sentido à carteira do investidor. Por exemplo, há investidores que enxergam como oportunidade investir em ações ou títulos de dívida de empresas sólidas, enquanto outros procuram investimentos em títulos emitidos por países ou até mesmo investimentos em imóveis.

Assim, os fatores que motivam o investimento no exterior não se resumem a um eventual interesse em morar fora do Brasil. Há quem opte por realizar o que podemos classificar como investimento puro, ou seja, um investimento em ativos no exterior para fins de diversificação de carteira. Por outro lado, os investimentos mistos contemplam um interesse adicional, podendo revestir uma forma planejada de estudar, trabalhar ou viver fora do Brasil, assim como adquirir uma nova nacionalidade através de programas de Golden Visa desenvolvidos em certos países que conferem visto de residência ou mesmo a cidadania estrangeira ao investidor e à sua família.

Entre os critérios a que o investidor deve se atentar ao expandir os horizontes dos seus investimentos, os mais relevantes são os impactos fiscal e sucessório. Sob a ótica fiscal, questões como dupla tributação, possível declaração adicional (CBE) ou prazos para pagamento do imposto devem pautar a decisão de investimento. No âmbito sucessório, alguns investimentos podem estar sujeitos à legislação estrangeira.

Por último, o investimento no exterior pode ser feito por múltiplas formas, desde plataformas de instituições financeiras nacionais que o investidor utilize para os seus investimentos no Brasil até estruturas mais sofisticadas como as empresas offshore. As circunstâncias de cada investidor determinarão a forma mais adequada para essa decisão. Consulte um planejador financeiro para identificar a melhor estrutura para o seu investimento, prestar informações que lhe transmitam segurança e esclarecer todas as dúvidas que possam surgir. Bons investimentos!

Fernanda Kubrusly Mamede Coelho é planejadora financeira pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner) concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. Email: [email protected]

As respostas refletem as opiniões do autor, e não da ÉpocaNegócios.com ou da Planejar. O site e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações.

Texto publicado na Revista Época em 06 de setembro de 2022.

1