Vale a pena investir em CRA? Tem cobertura do FGC?
Para pessoa física, investimento é isento de imposto de renda e IOF, e também são isentos de IR os ganhos de capital auferidos na alienação ou cessão para outra pessoa física
Felipe Fiabane Miranda CFP®, responde:
CRA, ou Certificados de Recebíveis do Agronegócio, são ativos de renda fixa emitidos por empresas securitizadoras, que são empresas que compram créditos e transformam esses créditos em títulos para serem vendidos posteriormente a investidores com a finalidade de financiar a atividade do setor agrícola e de incentivar o investidor pessoa física. Esse tipo de investimento para pessoa física é isento de imposto de renda e IOF, e também são isentos de IR os ganhos de capital auferidos na alienação ou cessão dos ativos para pessoa física. Já a pessoa jurídica paga imposto de acordo com a tabela regressiva, que parte de 22,5% para o período de até 6 meses, 20% entre 6 meses e 1 ano, 17,5% para 1 a 2 anos até chegar a 15% após 2 anos. Destina-se a investidores em geral, qualificados ou profissionais.
O rendimento do CRA costuma ser superior ao dos investimentos tradicionais como poupança, títulos públicos e CDBs de grandes bancos, pois na avaliação das agências de rating ele é classificado como tendo maior risco que os investimentos tradicionais e mais conservadores. Os rendimentos podem ser pós-fixados ao CDI, prefixados a uma taxa ou à inflação (IGP-M ou IPCA) mais uma taxa prefixada, ou pós-fixados mais uma taxa fixa. CRAs podem ter pagamento de juros e amortizações mensalmente, trimestralmente, semestralmente, anualmente ou somente no vencimento. Outro ponto a se avaliar é o prazo de vencimento dessas emissões, normalmente de longo prazo.
Essa modalidade de investimentos não conta com a garantia do FGC (Fundo Garantidor de Crédito) desde 2016. Portanto, é muito importante avaliar o risco de crédito dessas emissões, que normalmente são avaliadas por alguma agência de rating. As principais agências são Standard & Poor’s, Moody’s e Fitch Ratings, que juntas controlam uma parcela de mais de três quartos do mercado global de avaliações de risco. Com essa informação é possível escolher um CRA de um emissor confiável e de baixo risco. Outro ponto a se avaliar é a liquidez dessas emissões no mercado secundário, pois alguns papéis têm giro diário grande, ou seja, muita compra e venda, enquanto outros têm pouca liquidez, podendo ocasionar flutuação do preço dos ativos no mercado secundário, que acontece devido a diversos fatores, principalmente relativos a notícias relacionadas à empresa emissora, à taxa de juros e ao contexto do setor no qual a empresa atua.
As emissões de CRAs cresceram 52% em 2021, atingindo um volume de R$ 23,1 bilhões. Segundo dados da Anbima, esse movimento tem ajudado a impulsionar o crescimento do PIB do agronegócio brasileiro, que cresceu 8,36% em 2021.
É muito importante entender os seus objetivos de investimento e se esse tipo de ativo está adequado ao seu perfil de investidor. Após essa análise, você poderá montar um portfólio diversificado para buscar o melhor retorno para sua carteira.
O cliente hoje tem a opção de investir em CRA através de uma oferta pública, em que a empresa vem a mercado captar recursos ou faz isso via mercado secundário, que é o mercado em que são negociados ativos financeiros entre os investidores. Para poder participar dessas ofertas, o investidor precisará ter conta em uma corretora de valores.
Outra vantagem de investir em CRA é o custo, que pode ser isento de taxas de administração, performance e custódia cobradas pelas instituições para atuar como sistemas de intermediação entre o investidor e os ativos.
Felipe Fiabane Miranda é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro, desde 2012. Email: [email protected]
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Texto publicado no jornal Valor Econômico em 05 de Setembro de 2022.