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Parcelar é tão ruim assim? Em quais momentos pode ser vantajoso?

Vinicius Pires, CFP®, responde:

Prezado(a),

O parcelamento nada mais é do que uma forma de financiamento ao consumo. A compra da casa própria ou de um carro através de empréstimo/financiamento, ou a compra de um eletrodoméstico, uma viagem, uma compra num site parcelada sem juros no cartão de crédito, são exemplos de empréstimos. Ao parcelar a compra de um bem ou serviço, alguém está financiando o seu consumo, antecipando para o momento presente o seu desejo ou a realização de um sonho que só seria possível no futuro.

Essa é uma ferramenta importante para a construção de patrimônio ou para o consumo. Imagine a compra de uma residência: caso você não possua todo o recurso para pagar à vista, você teria que pagar aluguel e ainda poupar/investir um valor suficiente para poder comprar a residência, sendo que o imóvel almejado pode valorizar-se ao longo do tempo, exigindo mais recursos para a aquisição, e/ou o aluguel pode subir, o que, em ambos os casos, pode reduzir a sua capacidade de acumular recursos para adquirir o bem. Ao financiar/parcelar, você antecipa para hoje algo que só poderia consumir lá na frente.

O mesmo vale para as compras no cartão de crédito, sejam elas parceladas, sejam elas à vista. Toda vez que você utiliza essa forma de pagamento para aquisição, alguém do outro lado – uma instituição financeira ou o próprio fornecedor – está financiando você.

Resumindo, todas as vezes que se adquire um bem ou serviço e essa aquisição é parcelada, o consumidor está tomando uma dívida no presente para pagamento no futuro.

O grande problema da utilização do parcelamento é quando se perde o controle das compras. Quando é feita uma compra no cartão de crédito, por exemplo, tende-se a olhar o valor da parcela para tomar a decisão, e não o valor do preço total, o que faz com que o consumidor se comporte de forma impulsiva na hora de decidir sobre a compra. Ao fazer isso recorrentemente, pode-se criar uma situação em que as dívidas ficarão maiores do que a capacidade de pagamento. Isso fará com que você tenha que arrumar recursos para honrar o pagamento através de empréstimo, ou com que acabe entrando no empréstimo rotativo do cartão. Caso perceba que não será possível pagar a fatura total do cartão de crédito, será necessário que entre em contato com a emissora do cartão e tente negociar imediatamente, antes de entrar nos juros rotativos do cartão.

O recomendável é sempre fazer as compras não essenciais e de baixo valor do dia a dia à vista. Caso você não possua recursos para a compra, verifique a possibilidade de postergá-la para o próximo mês. Evite utilizar quantidades de parcelas maiores do que a duração do item comprado. Se você compra uma roupa e estima que a vida útil dela será de 6 meses, não faz sentido parcelar em um prazo maior do que esse, dado que daqui a 6 meses você precisará comprar uma roupa nova para substituir a antiga.
Uma outra forma vantajosa de utilização de parcelamento de compra para o consumidor é quando o estabelecimento disponibiliza o valor da venda parcelada sem juros. Ou seja, o estabelecimento parcela o valor da compra à vista, sem incorrer em juros adicionais. Nesses casos, vale a pena parcelar a compra e manter o dinheiro reservado para a compra à vista aplicado num investimento com alta liquidez e baixo risco. Os recursos reservados pagarão as parcelas futuras e ficarão rendendo juros no período, ao passo que a sua dívida permanecerá a mesma.

As compras com valores maiores, como carros, imóveis ou bens duráveis, devem ser realizadas após o planejamento dessas aquisições e a verificação das finanças, para que se possa saber se haverá condições de honrar o valor parcelado no período negociado. Assim, você mitigará possíveis dificuldades em pagá-las.

Para esse tipo de aquisição, vale a pena buscar o auxílio de um profissional qualificado para ajudá-lo no planejamento desses tipos de despesas.
Se feitas da forma correta e com parcimônia, as compras parceladas ajudarão na gestão das suas finanças e na realização dos seus sonhos.
Boa sorte.

Vinícius Pires de Souza é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: [email protected]

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Texto publicado no jornal Época Negócios em 13 de fevereiro de 2024

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