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Pix parcelado: em que situações vale a pena e como usar

Wiany Moreira, CFP®, responde:

Algumas instituições financeiras se anteciparam ao Banco Central, que anunciou o lançamento do Pix Garantido, e já disponibilizaram para os clientes o Pix Parcelado. O interessante é que em poucos dias o serviço conquistou muitos consumidores, que vislumbraram a perigosa possibilidade de ampliar seu poder de compra.

Nesse novo modelo, que nada mais é do que uma forma de crédito pessoal, o cliente pode optar, na hora de fazer o pagamento para o lojista, por parcelar o valor do Pix. O vendedor recebe à vista e o comprador parcela o valor com sua instituição financeira.

A ideia parece excelente e, de fato, é sim mais uma alternativa para o brasileiro, que vem enfrentando dificuldades financeiras há muito tempo, especialmente por conta do cenário econômico e da escalada da inflação, que prejudicam o seu poder de compra.

Entretanto, é importante lembrar que, se tem parcela, tem juros também. É nessa situação que a calculadora deve entrar para entender se vale a pena ou não usar esse recurso.

Até o momento, três instituições oferecem o parcelamento do Pix, entre elas o Santander, o Mercado Pago e o Picpay. A divisão pode ser feita em até 12 meses e os juros cobrados variam de acordo com a classificação do cliente, podendo chegar a até 4,00% ao mês mais o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

Por isso, a regra de ouro é: se o lojista não oferecer desconto para o pagamento com o Pix, não precisa nem fazer conta. O parcelamento no cartão de crédito, que não cobra juros, é disparadamente a melhor opção.

Caso haja um abatimento do valor para pagamento com Pix, o consumidor precisa recorrer à calculadora. De forma simples, considerando apenas o custo do dinheiro, se as parcelas do Pix ficarem menores do que as do cartão, o Pix Parcelado passa a ser uma opção viável.

Vamos a um exemplo prático: a pessoa deseja comprar um produto no valor de R$ 1.000,00. Ao parcelar no cartão de crédito em 4 vezes sem juros, ela teria um custo mensal de R$ 250,00. Se o vendedor conceder um desconto para receber via Pix e cobrar R$ 900,00, a parcela final (considerando os juros de 4,00% ao mês + IOF) ainda será menor do que os R$ 250,00 do cartão de crédito. Ou seja, nessa circunstância em específico, é vantajoso para o cliente optar pelo Pix Parcelado.

É importante ressaltar que, acima de tudo, o consumidor deve analisar a sua capacidade financeira. Na cultura brasileira, é comum as pessoas considerarem os limites disponíveis como um dinheiro extra e esse é o primeiro passo para o descontrole das contas pessoais. Dessa forma, o Pix Parcelado, o limite do cartão de crédito ou o famoso “cheque especial” não devem jamais ser contabilizados como parte da renda.

Outro ponto para refletir é que essa facilidade pode fazer com que a pessoa tenha gastos exagerados sem perceber ou, pior ainda, sem ter previsão no orçamento do planejamento financeiro. É preciso entender que qualquer tipo de parcelamento é uma dívida e deve ser tratado como tal no orçamento familiar.

Essa consciência financeira requer conhecimento e, principalmente, mudanças de hábitos culturais. Para iniciar esse processo, a dica é identificar quanto dinheiro entra e quanto sai da conta, registrando todos os gastos naquela velha e boa planilha do computador. Para quem é mais tecnológico, uma boa alternativa é usar aplicativos disponibilizados para celulares.

Wiany Moreira é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial  Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: [email protected]

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do site ÉpocaNegócios.com ou da Planejar. O site e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. 

Texto publicado no site Época Negócios em 14 de Junho de 2022

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