Preciso entender melhor o modelo de Fee Based. Será que ele realmente é vantajoso para mim?

17 de mar. de 2025

Maickel Curiel Marcantuono, CFP®️, responde:

Ao longo dos últimos anos, o mercado financeiro passou por grandes transformações. A ascensão das assessorias de investimento proporcionou mais alternativas para investir, antes restritas a poucos. Essa democratização trouxe benefícios, mas também desafios, principalmente no que tange ao alinhamento de interesses. Profissionais que antes recebiam salários em bancos passaram a ser remunerados exclusivamente por comissões. 

Atualmente, é comum ler notícias de pessoas que perderam dinheiro em produtos inadequados, alocações longas para quem precisa de liquidez, entre outros. Os elementos mudam, mas o conflito de interesses persiste: de um lado, clientes buscando preservar seu patrimônio; de outro, assessores buscando produtos que gerem mais receita. Para agravar, muitos sequer conhecem as necessidades dos seus clientes nem se atualizam sobre o cenário econômico. Isso cria o ambiente perfeito para problemas. 

O lado positivo é que esse desalinhamento não acontece com todos os profissionais. Buscando seguir as boas práticas globais, muitos estão substituindo gradualmente o modelo de remuneração por comissões pelo Fee Based. 

Nos EUA e Europa, por exemplo, o Fee Based é amplamente adotado. Nesse modelo, o assessor é remunerado por uma taxa fixa, que varia entre 0,40% e 1,00% ao ano. Assim, elimina-se o conflito de interesses gerado pela remuneração via comissões. Os assessores focam no desempenho dos portfólios e nas reais necessidades das famílias, ao invés de priorizar produtos que pagam mais. Quanto melhor o serviço, mais tempo os clientes permanecem. 

No Brasil, apesar das grandes fortunas já serem geridas via Fee Based há décadas, esse modelo ainda está sendo descoberto pelas demais classes. Investidores instruídos e instituições que buscam uma relação mais personalizada e honesta já reconhecem seus benefícios. O movimento de migração pode ser lento, mas é inevitável. 

Para os clientes, a principal vantagem do Fee Based é ter o assessor como aliado. As reuniões periódicas deixam de focar apenas no CDI e passam a abordar planejamento tributário, sucessório e organização patrimonial, como acontece mundo afora. O relacionamento geralmente começa com uma entrevista para entender a estrutura familiar e profissional, objetivos, restrições e oportunidades, antes de qualquer movimentação financeira. Afinal, o portfólio deve refletir os planos e necessidades dos clientes, e não apenas as tendências do mercado. 

Para os assessores, o Fee Based traz previsibilidade de receita, sem pressão por ganhos de curto prazo. Essa estabilidade permite que se concentrem em atender melhor seus clientes e passem a ser vistos como pilares estratégicos, não como vendedores de produtos. 

Apesar das vantagens, o Fee Based não é uma solução universal. Investidores que gerenciam suas próprias carteiras, investem basicamente em renda variável ou que adotam uma abordagem passiva podem não ver valor nesse modelo. Contudo, para muitos, o Fee Based proporciona um alinhamento de interesses mais claro e vantajoso que o modelo de comissionamento! Para tomar melhor sua decisão, procure saber seu custo atual e quais serviços passaria a acessar ao migrar para o Fee Based. 

Por fim, qualquer que seja o modelo escolhido, não tome atalhos. Garanta que esteja sempre bem amparado e aproveite o amadurecimento do mercado para extrair o melhor do seu assessor. 

Maickel Curiel Marcantuono é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar - Associação Brasileira de Planejadores Financeiros E-mail: mike.curiel@investimentosblue.com.br

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