Quais são as opções para investir de forma mais agressiva?
“Tenho um dinheiro que posso arriscar em operações mais agressivas. Queria saber se existem alternativas que, nesse período de pandemia, podem fazer sentido para mim.”
Márcio Wolter Filho, CFP®, responde:
Olá, leitor(a)! Ter dinheiro para “arriscar” não quer dizer que você precisa correr riscos. É imprescindível, já de início, conhecer seu perfil de investidor. Para isso, existe o processo chamado de suitability, disponibilizado pelas instituições financeiras, que auxilia a identificar se você se enquadra como investidor conservador, moderado ou arrojado, além de fazer uma avaliação dos tipos de produtos que podem compor sua carteira de investimentos. Outro ponto é a reserva de segurança, ou seja, ter algo entre 3 e 12 meses de despesas investidos com segurança, liquidez imediata e rentabilidade condizente ao CDI.
Deve-se também levar em conta uma questão crucial na montagem da sua carteira que é a diversificação, evitando concentrar o seu capital em apenas um tipo de produto. Dessa forma, enquanto alguns ativos vão mal, outros podem ir bem, gerando um equilíbrio, menos volatilidade e maior previsibilidade.
Considerando que essas etapas foram superadas, e que você tem capacidade e tolerância para arriscar, vamos aos produtos. Quando se fala de investimentos arrojados, uma das possibilidades que vêm à cabeça são as ações. Ser sócio de uma empresa, seja ela qual for, tem sua dose de risco, pois pode-se multiplicar o dinheiro ou mesmo perder boa parte dele (às vezes, tudo). Durante a pandemia viu-se, em março de 2020, uma grande queda na Bolsa, seguida de altas nos meses seguintes, mais algumas quedas e, em junho de 2021, a máxima histórica. Porém, nos últimos meses houve mais quedas, fazendo com que muitas empresas, mesmo que reconhecidas por seu ótimo histórico e qualidade, vissem suas cotações desabar. A pandemia teve seu impacto nisso, mas as incertezas quanto ao rumo fiscal do país, além do travamento de reformas essenciais, também têm um bom peso nesse desempenho. Ao mesmo tempo, agir racionalmente, quando o perfil e o prazo do objetivo comportam isso, pode ser interessante em momentos como esse em que há uma certa distância para o topo do Ibovespa.
É possível comprar ações diretamente ou optar por fundos de ações, nos quais um gestor profissional as escolhe por você. Outra opção, pensando na diversificação e descorrelação, são as ações internacionais, sobretudo as americanas. Investimentos com essa característica podem ajudar a absorver pelo menos parte do impacto de uma queda nas cotações, ou seja, tendem a ter risco menor. Aqui mesmo, na nossa Bolsa, temos a opção das BDRs, algo como ações americanas. Para quem quer mais comodidade e diversificação há, novamente, os fundos de investimento no exterior, encontrados em corretoras e bancos. Há também a opção de abrir conta em corretora no exterior para comprar diretamente os ativos.
Há vários outros exemplos de produtos de risco que podem ou não ser boas opções – fundo de cannabis, crédito de carbono, urânio, criptomoedas, startups, entre outros –, porém, principalmente para quem é iniciante, a escolha pelas ações parece adequada. Quem sabe uma combinação entre Brasil e exterior seja propícia. Outra opção para iniciar na bolsa de valores são os fundos de investimento imobiliário (FII), que costumam apresentar menor volatilidade que as ações. Mas o principal é respeitar seu perfil e não acabar arriscando seu sono. De qualquer forma, orientamos a procura por um profissional especializado, haja vista que o mercado acionário apresenta diversas alternativas de investimentos.
Boa sorte com seus objetivos e sucesso!
Márcio Wolter Filho é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. Email: [email protected]
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Texto publicado no jornal Valor Econômico em 21 de fevereiro de 2022.