Qual é o custo de um fundo e seu impacto no retorno?
Roberto Cazzeta, CFP®, responde:
Uma ótima pergunta, pois os custos afetam a rentabilidade final do investimento. Os custos mais importantes são a taxa de administração, que normalmente é fixa, e a taxa de performance, que pode variar conforme a rentabilidade.
Primeiro, é importante compreender o que é um fundo de investimento. Diferentemente de um investimento feito de forma individual, no qual a própria pessoa escolhe onde vai ser alocado o dinheiro, adquirir cotas de um fundo representa um investimento coletivo, em que um grupo de investidores confia seus recursos a um gestor profissional, responsável por alocar o dinheiro. Obviamente, tal gestor, além de ser credenciado pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), deve seguir à risca a política de investimentos do fundo, evitando que haja algum investimento distinto à estratégia escolhida pelo cotista.
Além do gestor profissional, existe toda uma estrutura que dá suporte administrativo, contábil, legal e regulatório, o que gera custos a serem suportados pelos cotistas. Tal qual um prédio residencial, podemos comparar a taxa de administração de um fundo com a taxa de condomínio. Quanto mais complexo e trabalhoso for gerir o condomínio, mais cara a taxa. Nos fundos funciona da mesma forma: fundos menos sofisticados são mais baratos, ao passo que fundos que operam com maior diversidade de ativos ou mercados precisam cobrar mais. Em relação ao valor da taxa, costuma variar entre 0,3% e 2% ao ano.
A taxa de performance funciona como um bônus ao gestor, pago sempre que ele consegue fazer com que a rentabilidade do fundo supere o seu índice de referência. Por exemplo, considere o índice de referência como o CDI (Certificado de Depósito Interbancário), que rendeu 0,87% em agosto de 2024, e supondo que o fundo rendeu 1,5% nesse mês. Caso ele cobre uma taxa de performance de 20%, isso significa que naquele mês a taxa de performance será de 0,13%, que corresponde a 20% da diferença entre a rentabilidade auferida pelo gestor e a performance do índice de referência.
É importante compreender que tanto a taxa de administração como a taxa de performance são provisionadas diariamente e descontadas da rentabilidade bruta do fundo. Quando o fundo divulga o valor da cota, já estão descontadas todas as taxas. O investidor deve avaliar se as taxas cobradas são compatíveis com a estratégia e complexidade da gestão do fundo. É comum vermos no mercado financeiro fundos extremamente simples, que apenas investem em títulos conservadores de baixíssimo risco, ou seja, com quase nenhum trabalho de gestão, e cobram taxas altas, como 1% ao ano ou mais. Quanto maior for a cobrança, maior deve ser a entrega de rentabilidade do fundo, o que geralmente acarreta uma exposição maior ao risco também.
Como visto, a escolha de um fundo não é algo tão simples. Além disso, tal seleção deve vir acompanhada de um alinhamento com os objetivos e preferências pessoais de cada investidor. Nesse contexto, faz-se importante estar bem acompanhado de um profissional devidamente certificado, como por exemplo um planejador financeiro CFP®, que pode ajudar a esclarecer e otimizar todos os custos administrativos e tributários relacionados aos investimentos no mercado financeiro.
Roberto Cazzetta é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected] As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar.
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