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Qual a diferença entre units e ações? Vale a pena investir em units?

Alexsandro Nishimura, CFP®, responde:

Trata-se de uma dúvida recorrente, e esta é uma ótima oportunidade para esclarecer o tema aos leitores. Por definição, units são certificados que combinam diferentes tipos de ativos de uma mesma empresa. Isso quer dizer que, ao investir em uma unit, você está comprando, ao mesmo tempo e de uma única vez, diferentes tipos de ações, bônus de subscrição ou tipos de BDRs. Vale reforçar que a unit combina ativos de uma mesma empresa, não é um pacote com ações de diferentes companhias, o que se confundiria com um fundo, por exemplo.

Antes de prosseguir, é interessante dar um passo atrás e entender o que são ações e BDRs. Uma ação é a menor parte em que se divide uma empresa, de forma que represente uma fração equivalente a todos os bens, direitos e obrigações que a companhia possui. Ou seja, ao comprar uma ação, você se torna dono de uma pequena parte da empresa. As ações podem ser de dois tipos: ordinárias (ON) ou preferenciais (PN). A principal diferença é que as ordinárias dão ao seu detentor o direito de voto nas assembleias de acionistas, e as preferenciais podem permitir o recebimento de dividendos em valor superior ao das ações ordinárias, bem como a prioridade no reembolso do capital. Já o BDR, sigla para Brazilian Depositary Receipt, representa uma ação de empresa negociada em bolsa estrangeira. Analogamente, ao comprar um BDR, você adquire algo que representa uma ação de empresa negociada no exterior, à qual você não teria acesso na bolsa brasileira (B3). Por exemplo, comprar o BDR da Apple é a forma que você tem de investir na fabricante do iPhone sem precisar abrir conta em corretora fora do Brasil.

Voltando às units, elas são negociadas na B3 da mesma forma que outros ativos, com código de negociação (ticker) formado por quatro letras iniciais, que identificam a empresa, mais o 11 ao final – lembrando que o mesmo número também é utilizado para os fundos imobiliários. Atualmente, existem 12 empresas que emitem units, compostas por diferentes combinações, conforme a seguir:

  • 1 ação ON + 1 ação PN: Banco Santander Brasil (SANB11)
  • 1 ação ON + 2 ações PN: Alupar (ALUP11), BR Partners (BRBI11), Banco BTG Pactual (BPAC11), Iguatemi S.A (IGTI11), Renova (RNEW11), Rodobens (RBNS11) e TAESA (TAEE11)
  • 1 ação ON + 4 ações PN: Energisa (ENGI11), Klabin (KLBN11) e Sanepar (SAPR11)
  • 1 BDR A + 2 BDR B: PPLA (PPLA11)

A decisão de listar units para negociação pode ser uma questão estratégica – por exemplo, para não perder o controle acionário – ou de restrições societárias, podendo ser algo temporário, como os bancos costumam fazer quando realizam IPOs e aguardam a homologação do Banco Central, combinando ações e recibos de subscrição.

Mesmo com tipos diferentes de ativos de uma mesma empresa, as units estão expostas a riscos e benefícios em comum. O cenário macroeconômico, setorial e da empresa são iguais. Você será indiferente entre comprar a ação ou a unit caso considere uma empresa como atrativa para investir. Dependendo da composição, as units podem oferecer uma combinação de direitos de voto (através das ações ON) e maior distribuição de dividendos (ações PN). Isso permite o aproveitamento do melhor dos dois mundos: poder de decisão nas assembleias e preferência no recebimento da parcela dos lucros.

As operações com units são tributadas da mesma forma que as operações com ações, tanto para ganho de capital, ou seja, o resultado positivo entre a compra e a venda, como para o recebimento de dividendos, que também são isentos de tributação.

Em muitos casos, as units são mais líquidas do que as ações que as compõem. Isso significa que é mais fácil comprar e vender units, o que pode ser vantajoso para investidores que desejam maior agilidade em suas negociações.

A decisão de investir em units deve levar em conta os objetivos financeiros, o perfil de risco e o prazo de investimento. As units podem ser uma boa opção para quem busca diversificação e liquidez, mas é essencial conhecer os riscos, assim como estudar os fundamentos e perspectivas da empresa.

Compreender as dinâmicas do mercado e manter-se atualizado sobre a companhia e o ambiente macroeconômico é fundamental para tomar decisões de investimento acertadas. Sempre consulte um planejador financeiro ou um consultor de investimentos para obter orientação personalizada e adequada às suas necessidades.

Alexsandro Nishimura Pacheco é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: [email protected]

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Texto publicado no site Época Negócios em 09 de Julho de 2024

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