Qual a melhor opção para aplicar R$ 10 mil?
Recebi R$ 10 mil referentes a uma indenização. Como devo aplicar esses recursos? Já tenho investimentos em fundos DI. Li sobre o Tesouro Direto e me pareceu uma boa alternativa. Devo aplicar os R$ 10 mil em títulos do Tesouro? Devo diversificar, aplicando também em ações? Em um investimento, qual a melhor aplicação: com maior ou menor prazo de resgate?
Alexandre Canalini, CFP®:
Diante de uma quantia disponível para fazer uma aplicação financeira é comum procurar um bom investimento. Todavia, antes de avaliar se um investimento é bom ou ruim, é relevante determinar se o investimento é adequado ou inadequado para o aplicador.
A adequação de um investimento passa pela avaliação do perfil do aplicador. Analisando fatores como a experiência com investimentos, o tempo disponível para deixar os recursos investidos, as ferramentas utilizadas para tomar decisões de investimento, o volume de recursos comprometidos, a relação entre o rendimento e as despesas e, por fim, a tolerância ao risco, um investidor consegue determinar ativos adequados.
Transformaremos os fatores acima relacionados em seis perguntas objetivas para avaliar seu perfil. (1) Você possui experiência com aplicações financeiras? (2) Você tem disponibilidade de deixar seus recursos aplicados por um prazo superior a dois anos? (3) Você possui ferramentas que auxiliam na análise e decisão dos investimentos (software ou consultor)? (4) Seu volume de aplicações financeiras é uma pequena parte do seu patrimônio total? (5) Seus rendimentos (salário e demais receitas que não consideram aplicações financeiras) conseguem superar os seus gastos mensais? (6) Você deseja o crescimento da sua renda acima da taxa básica de juros (Selic) e admite perder parte do volume investido num período de um ano?
Se sua resposta for afirmativa para pelo menos quatro dessas seis perguntas, você tem capacidade de investir em ativos de risco. Caso contrário, deve manter sua carteira investida em ativos conservadores.
Considerando um perfil conservador, as aplicações indicadas são investimentos atrelados ao Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI). Os principais ativos nesse segmento são: (1) Certificado de Depósito Bancário pós-fixado (CDB DI) com taxa acima de 98% do CDI. (2) Aplicação no Tesouro Direto em Letras Financeiras do Tesouro (LFTs) com prazo de vencimento superior a dois anos e inferior a cinco anos. (3) Fundo referenciado DI com taxa de administração igual ou inferior a 0,8% ao ano. (4) Se você tiver disposição para correr um pouco mais de risco pode avaliar investir num fundo de renda fixa com taxa de administração igual ou inferior a 1% ao ano.
Considerando um perfil moderado, você deve analisar quanto os novos R$ 10 mil representam percentualmente na sua carteira de investimentos total. Um investidor moderado poderá ter até 20% do capital investido em ativos de médio risco. Nesse caso, recomendo fundos multimercados com baixa participação em renda variável para 10% do seu volume total de recursos e outros 10% investidos em fundos multimercados com exposição à renda variável e alavancagem do patrimônio.
Solicite aos administradores as lâminas dos fundos que você gostaria de analisar, com a rentabilidade dos últimos doze, vinte e quatro e trinta e seis meses. Avalie com especial atenção a regularidade da rentabilidade do fundo e também o desempenho do gestor nos períodos de crise.
O investimento direto em ações é para investidores experientes, procure antes um bom fundo de ações. A escolha das ações envolve a análise profunda do setor e da empresa escolhida, bem como a leitura de muitos relatórios.
Nesse momento, você deve usar a maior parte do seu tempo para investigar seu perfil e em seguida avaliar os ativos disponíveis para aplicar, de acordo com sua tolerância e disposição para assumir riscos.
Alexandre Canalini é Planejador Financeiro Pessoal e possui a Certificação CFP (Certified Financial Planner) concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected].
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Texto publicado no jornal Valor Econômico em 2012.