Qual é a melhor maneira para tentar lucrar com ETFs?
De maneira geral, os ETFs se assemelham muito com os fundos de ativos tradicionais
Victor Marques , CFP® responde:
Existe um conceito importante quando se fala em investimentos: o tripé de investimentos, composto por rentabilidade, risco e liquidez. Com o objetivo de equilibrar esses três elementos, deve-se considerar a diversificação da carteira de investimentos em diferentes classes de ativos e em diferentes ativos dentro de cada classe. Entretanto, em algumas circunstâncias, é difícil – às vezes, inviável – diversificar a carteira de forma ideal, por motivos como limitações de volume de investimento mínimo, custos altos, diferentes moedas e dificuldade de acesso a certos ativos, regiões e classes, entre outros.
Para facilitar o acesso a essas operações, na década de 1980, nos Estados Unidos, foram criados os fundos de índice que utilizam a sigla ETF (Exchange Traded Fund, em inglês). Os ETFs são fundos que detêm uma cesta de ativos, podendo ser de renda fixa ou renda variável, e que replicam a mesma estratégia de algum índice, como Ibovespa, IDIV (índice de dividendos) ou IMA-B (índice de títulos públicos de inflação). Diferentemente de fundos de investimentos normais, são negociados em bolsa (como ações), e o investidor pode comprar e vender o ETF quando bem entender.
Os ETFs existem no Brasil desde 2004, mas ainda há pouca liquidez e diversidade desses ativos no mercado. Sua aplicação vem sendo difundida com o aumento do conhecimento entre investidores e o aumento da oferta por meio de diversas gestoras que replicam, inclusive, estratégias não disponíveis na bolsa brasileira. Dessa forma, é possível acessar ativos negociados em bolsas estrangeiras, como a NASDAQ; comprar ativos relacionados a uma tese única específica, como o Urânio; acessar um determinado setor, como cibersegurança, nuvem de dados e blockchain; ou até mesmo replicar o principal índice de ações americano, o S&P 500.
E tudo isso fica acessível para o investidor comum com um aporte pequeno, dado que não há lote padrão mínimo para ETFs. O investidor pode comprar apenas uma cota desse produto, e a grande maioria dos ETFs não custa muito mais do que R$ 200,00. Vale ressaltar que os ETFs estão sujeitos à tributação de imposto de renda na alíquota de 15% sobre os rendimentos e não possuem a isenção de vendas inferiores a R$ 20 mil reais no mês, como as ações.
Além da diversificação e do acesso a outros mercados sem a necessidade de abertura e manutenção de uma conta no exterior, há estratégias específicas de ETFs alavancados em, por exemplo, duas ou três vezes o risco do ativo alvo. Existem até mesmo ETFs para se posicionar em tendência de queda no mercado, como ETF com estratégia vendida em índice.
De maneira geral, os ETFs se assemelham muito com os fundos de ativos tradicionais do mercado brasileiro, sendo a principal diferença a forma de negociação em bolsa de valores. Mas os ETFs têm uma administradora, uma gestora e um custodiante envolvidos na operação para que o ativo cumpra os requisitos necessários determinados pelos órgãos reguladores. Essa estrutura implica a cobrança de uma taxa de administração (geralmente bem mais baixa que a de fundos tradicionais) que já é contabilizada diariamente na cota do ETF, além das taxas de negociação da corretora e da B3.
Em resumo, investir em ETFs reduz custos de investimentos, diversifica ativos e riscos, permite reinvestir lucros e dividendos, replica estratégias mais complexas, simplifica o processo de investimentos e fornece mais transparência e liquidez.
Para tanto, é necessário conhecer o perfil do investidor, seus objetivos de investimento e entender como esses ativos se comportarão em cada carteira. Portanto, não deixe de consultar um planejador financeiro antes de tomar qualquer decisão.
Victor Marques é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: [email protected]
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