Para quem quer investir no exterior, é melhor fazer isso em euro ou dólar?
Com a maior oferta de produtos e o maior acesso à informação, as dúvidas sobre investir em euro ou em dólar são cada vez mais comuns
Magno Camelo CFP®, responde:
O tema “investimento no exterior” tem crescido nos últimos anos entre os investidores comuns. Hoje, as principais corretoras nacionais e estrangeiras permitem que investidores abram uma conta totalmente online e acessem investimentos no exterior de forma direta ou por meio de fundos. As redes sociais e influenciadores digitais também têm papel importante na disseminação e democratização da prática de investir no exterior.
Com a maior oferta de produtos e o maior acesso à informação, surgem novas dúvidas sobre esse assunto, entre as quais, se é melhor investir em Euro ou em Dólar dado o cenário global.
Assim como em qualquer tipo de investimento, é preciso primeiro que o investidor trace os seus objetivos, conheça os tipos de produtos e entenda os riscos atrelados frente ao seu perfil e ao seu momento de vida.
Independentemente da moeda, a taxa de câmbio pode trazer forte volatilidade à carteira, pois é afetada por inúmeros fatores, tais como: o nível de exportações e importações, a taxa de juros, o nível de inflação, a competitividade e facilidade para se fazer negócios, a conjuntura política, o momento do ciclo econômico em cada localidade, o risco-país, entre outros. Conhecer os fatores que afetam o câmbio de antemão ajuda o investidor a lidar melhor com as oscilações do mercado e a evitar – ou, pelo menos, reduzir – a probabilidade de se fazerem escolhas ruins de investimento e desinvestimento.
Antes de investir no exterior, há várias etapas de um bom planejamento financeiro, que envolvem a constituição de uma reserva de emergência, a quitação de eventuais dívidas onerosas e a análise e adequação do fluxo de caixa frente às necessidades. Para cumprir essas etapas, o investidor poderá valer-se da ajuda de um profissional.
Passada a fase básica de planejamento financeiro, o passo seguinte é analisar qual é o objetivo do investimento no exterior. Há diversos motivos para se investir no exterior – uma viagem em família, o intercâmbio dos filhos ou uma mudança de país, por exemplo –, os quais demandam estratégias específicas. Porém, vamos tratar aqui do caso mais comum: investir no exterior como forma de diversificação.
Estudos mostram não só os benefícios da diversificação em diferentes classes de ativos, mas também a importância de diversificar a localidade. A diversificação geográfica ajuda a reduzir a volatilidade da carteira, uma vez que enquanto um país sofre um momento conturbado, o qual pode afetar diferentes classes de ativos, outro país pode estar em um momento de crescimento. Além disso, aumenta o leque de possibilidades de se investir em produtos que não existem no Brasil e nas maiores empresas e economias globais.
Porém, voltando à pergunta inicial sobre em qual moeda investir, a resposta será “depende”, pois não existe uma estratégia única. Se o investidor não possui alocação internacional, faz sentido iniciar pelo Dólar, devido ao fato de ser a moeda de referência e de os EUA terem o maior mercado financeiro e apresentarem títulos soberanos tidos como os mais seguros globalmente. Ademais, no momento em que este artigo é escrito, as taxas de juros americanas estão mais elevadas do que as taxas europeias.
Investir em Euro poderia ser feito em um momento posterior aos investimentos em Dólar, ou simultaneamente, mas em menor proporção. Entretanto, podem existir produtos específicos em Euro que estejam mais alinhados ao perfil do investidor, o que tornaria a situação inversa à que foi apresentada.
Portanto, não há uma abordagem específica ou única de como investir no exterior, mas há indícios do que não fazer. Em qualquer cenário, não é recomendado tentar fazer market timing, ou seja, tentar prever o melhor momento de compra da moeda, pois, conforme explicado, existem muitos fatores que impactam a taxa de câmbio, e até mesmo profissionais do mercado dificilmente conseguem acertar as projeções cambiais. Uma boa estratégia seria fazer aportes fixos mensais ou sempre que a taxa de câmbio chegar em um patamar que o investidor considere como aceitável (lembrando que esse patamar precisa ser revisto periodicamente).
Flutuações de curto prazo sempre existirão. Haverá momentos em que será melhor investir em Dólar, e outros em Euro, mas, no longo prazo, é esperado que o investidor que diversifica os seus investimentos geograficamente se beneficie da estratégia e colha frutos, podendo, inclusive, reduzir o risco da carteira como um todo.
Magno Camelo é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: [email protected]
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