Vale aplicar em fundo com taxa de administração maior?
“Costumo aplicar em ETFs atrelados ao Ibovespa porque gosto da taxa de administração deles. Tenho pensado em diversificar em outros fundos, mas fico me perguntando se vale a pena pagar uma taxa de administração mais alta. Gostaria de uma orientação nesse sentido e sobre como avaliar a performance e as perspectivas de um fundo.”
Raphael Campestrini, CFP®, responde:
Os ETFs realmente são uma excelente opção para investir, dado que geralmente possuem custos mais baixos que os praticados pelo mercado de fundos, porém vale lembrar que os custos não são o único fator que deve ser considerado para a tomada de decisão dos ativos ou fundos que vão compor o seu portfólio de investimentos.
Antes de iniciar o processo de análise e seleção dos ativos ou fundos que vão compor o seu portfólio, é fundamental realizar a atualização do seu perfil de investidor, pois dessa maneira você mitigará o risco de adquirir ativos ou fundos que não estejam alinhados com os seus objetivos, suas expectativas e seu grau de tolerância a risco.
Vale ressaltar que todos os fundos de investimentos no mercado divulgam suas rentabilidades já descontando a taxa de administração. Por essa razão, desde que o fundo apresente resultados consistentes, pouco importa o valor da taxa de administração, uma vez que os investidores perceberão o valor agregado gerado através da rentabilidade líquida.
Por outro lado, existem alguns “rankings de fundos” efetuados por jornais, empresas de “big data”, bancos, corretoras, por exemplo, que divulgam periodicamente os melhores fundos de investimento por categoria, o que pode ser uma excelente rota para iniciar a sua pesquisa, lembrando que existem diversas categorias dentro de cada classe de ativos e que a rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura.
Outra orientação interessante seria a utilização de alguns sites, muito difundidos no mercado financeiro, denominados “comparadores de fundos”, que ofertam de maneira gratuita uma ferramenta por meio da qual se pode obter, de maneira rápida e resumida, a comparação entre dois ou mais ativos ou fundos, contendo as principais informações e indicadores (patrimônio líquido do fundo, rentabilidade, taxa de administração, número de cotistas, quantidade de meses com rentabilidade negativa, índice de Sharpe etc.) para lhe apoiar nessa tomada de decisão.
Em relação a todos os indicadores disponíveis, sugere-se atenção especial ao índice de Sharpe (também conhecido como relação risco-retorno), importante medida estatística para comparar os ativos ou fundos que você pretende selecionar para compor seu portfólio de investimentos.
Esse indicador pode ser facilmente explicado com a seguinte pergunta: “para o risco que vou correr, vale a pena a rentabilidade que posso obter?”.
Em geral, quanto maior o índice de Sharpe, mais atraente é a carteira ou o fundo escolhido, mas a avaliação deve ser sempre relativa, considerando outros fatores e comparando-os com dois ou mais fundos da mesma classe.
Por fim, não deixe de considerar a diversificação na seleção dos ativos ou fundos que vão compor o seu portfólio de investimentos. Mesmo dentro da categoria “ações nacionais” (benchmark – Ibovespa) é perfeitamente possível selecionar ativos ou fundos com baixa correlação, que tendem a mover-se em direções diferentes e assim minimizar riscos de mercado que possam surgir em cenários incomuns.
Raphael Campestrini é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected]
As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: [email protected]
Texto publicado no jornal Valor Econômico em 16 de agosto de 2021.