Vale a pena fazer um empréstimo para pagar minhas dívidas?
Tiago Coutinho, CFP®, responde:
Prezado leitor,
Obrigado pela sua participação! A sua dúvida com certeza é a mesma de milhares de pessoas e uma das formas de vencer o terrível vilão das dívidas é justamente buscar auxílio.
Com isso, te afirmo que, ainda que sejam dívidas elevadas, com a devida orientação, organização e disciplina, exatamente nessa ordem, você conseguirá passar da situação de tomador para aplicador em um prazo menor do que imagina.
O primeiro ponto que precisamos avaliar é o tipo de dívida que foi criada e de que forma ela está impactando mensalmente o seu fluxo financeiro. Uma dívida pode surgir por diversos motivos: desemprego, divórcio, queda na renda, problemas de saúde, emprestar para amigos ou familiares, entre outros. Por isso, é muito importante identificar o que de fato te levou ao endividamento, afinal esse diagnóstico será muito importante para buscar estratégias mais eficazes para a solução do problema.
Se forem dívidas que cabem integralmente no seu orçamento mensal, não parece razoável a contratação de um empréstimo com prazos mais longos para a quitação, já que, quanto antes quitar, melhor.
Porém, se a dívida for de cartão de crédito, que vem sendo pago com atraso ou valor inferior ao total da fatura ou, ainda, se o compromisso vem da utilização do cheque especial, que por sua taxa elevada dificulta a quitação com recurso próprio, começa a fazer sentido a utilização do crédito para obtenção da reestruturação financeira.
Outro ponto importante é que a escolha da linha de crédito deve priorizar as melhores condições de mercado e, para isso, vale a boa e velha pesquisa. Veja quais as ofertas disponíveis, não avaliando apenas o banco onde você já possui conta. Lembre-se que diferenças aparentemente pequenas nas taxas de juros podem representar um montante considerável no longo prazo.
Podemos elencar a consignação ou o crédito pessoal como boas alternativas. O crédito consignado possui taxa de juros mais baixa, pois para o banco a chance de inadimplência é menor, já que o débito das parcelas acontece direto na folha de pagamento do cliente. Então, se a sua fonte pagadora tiver convênio com algum banco, essa linha deverá ser priorizada. Caso não seja possível, busque o crédito pessoal, lembrando sempre de comparar as melhores condições. No entanto, não se esqueça da importância dos seguros nas operações de crédito, eles darão maior segurança familiar, pois quitam a dívida na falta do titular do empréstimo.
É importante cuidar para não cometer um dos principais erros, que é o de acreditar que o empréstimo resolverá a situação financeira e que esse fantasma da dificuldade não voltará a assustar, ledo engano!
Para um constante equilíbrio financeiro, deve-se buscar o hábito de ter um bom controle dos gastos, o simples “gastar menos do que se ganha” lhe permitirá ter sobras e assim conseguirá aplicar valores, ainda que pequenos.
Comece a fazer um acompanhamento dos seus gastos diários! Isso mesmo! É fundamental saber para onde está indo o dinheiro e dessa forma você terá condições de identificar qual o real cenário financeiro que está vivendo, tendo condições de utilizar melhor seus recursos, economizar em alguns pontos, gastar um pouco mais e melhor em outros que julgar realmente relevantes.
Considere os ganhos fixos, não as receitas sazonais, já que elas poderão servir para antecipar o pagamento de empréstimos e para incrementar suas reservas financeiras.
Consegue perceber que com essas atitudes você estará a cada dia mais distante dos problemas financeiros?
Lembre que quanto menor a preocupação financeira, maior será a sua tranquilidade e melhor a qualidade de vida. Boa sorte.
Tiago Coutinho é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected].
As respostas refletem as opiniões do autor, e não do site EpocaNegocios.globo.com ou da Planejar. O site e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações.
Texto publicado no site Época Negócios em 06 de novembro de 2018