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Vale a pena o dólar como investimento?

É importante entender qual é a relação do dólar com o real, e como as variações da moeda podem beneficiar ou impactar o patrimônio a depender dos objetivos do recurso investido

Julianne Simões, CFP® responde:

Para que possa tomar essa decisão, alguns pontos devem ser avaliados. É importante entender qual é a relação do dólar com o real, e como as variações da moeda podem beneficiar ou impactar o patrimônio a depender dos objetivos do recurso investido.

Muitos produtos possuem ligação direta com o dólar. Um grande exemplo é o combustível. Se houver grande aumento do valor da moeda, os preços dos barris de petróleo sobem e, consequentemente, alguns produtos chegam na mesa do brasileiro mais caros, já que o principal meio de transporte no Brasil é terrestre.

Por outro lado, a moeda norte-americana é vista como um porto seguro em momentos de crise, sendo conhecida como reserva de valor, e historicamente tem se valorizado no longo prazo.

Outra variante é entender se o investidor está buscando valorização de patrimônio ou proteção de renda, que é o caso de residentes no Brasil que recebem renda do exterior, ou mesmo de residentes fora do Brasil que têm dinheiro aplicado no Brasil e custo de vida em moeda estrangeira.

A diversificação de parte dos investimentos em ativos internacionais pode fazer sentido, mas, antes, é preciso saber que investir em dólar significa adicionar uma proporção de risco à carteira. Por isso, ter clareza do perfil do investidor é fundamental.

Um possível passo é realizar o planejamento financeiro com o objetivo de criar uma política de investimentos que esteja alinhada com o objetivo do investidor.

Vale ressaltar que não se deve tentar acertar o melhor momento de se iniciar, e por isso é indicado manter os ativos para além dos cinco anos, quando historicamente se apresentam os maiores retornos.

Existem algumas formas de “dolarizar” o patrimônio. Seguem abaixo os principais meios de investimento:

Investir em ETFs (Exchange Traded Funds)

Investir em índices é uma das maneiras mais simples e financeiramente mais baratas, pois as taxas de administração são menores se comparadas às dos fundos tradicionais.

Outro benefício desse investimento é ser uma excelente ferramenta de diversificação, já que, ao investir em ETFs, o investidor, com um único clique, realiza a compra de uma cesta de ações.

Ex.: ao comprar o ETF que replica o índice da Bolsa Americana (S&P 500),

o investidor adquire as 500 ações mais negociadas na bolsa em uma única operação, com a vantagem da diversificação e diluição do risco.

É possível investir em ETFs por uma corretora no Brasil ou por uma corretora internacional.

Investir em fundos cambiais

Os fundos cambiais são opções de investimento também em renda variável. A estrutura é similar à de um ETF, por se tratar de um fundo de investimento, mas a diferença é que os fundos cambiais não replicam um índice.

Esses fundos são compostos por até 80% do patrimônio em moedas como dólar e euro e indicados para quem busca proteção cambial – ex.: para quem recebe recursos em dólar. São distribuídos por bancos e corretoras, e as taxas de administração, em geral, são maiores que as dos ETFs.

Comprar ações americanas

O investidor que optar por comprar diretamente ações americanas deve abrir uma conta em uma corretora internacional, realizar uma transferência de valores em reais para essa corretora e comprar a ação pelo aplicativo da corretora internacional.

Essa opção pode ser vantajosa, pois os dividendos são creditados em conta, mas se o investidor possuir pouca familiaridade com esse ambiente, essa estratégia pode se tornar penosa pela quantidade de informação. Para investidores iniciantes, que demandam de pouco tempo dedicado, os ETFs funcionam muito bem.

Comprar a moeda

Essa opção é bem conhecida, e pode ser benéfica para quem costuma viajar com frequência ou possui viagens programadas. Atualmente, existem contas digitais onde é possível realizar a compra da moeda e utilizá-la no débito de forma bem simples.

Abrir Contas offshore

São contas em países com benefícios fiscais, totalmente legais, indicadas para quem tem patrimônio relevante. No planejamento financeiro, essa estratégia é utilizada para redução de impostos, bem como para facilitar o planejamento sucessório.

Busque ajuda de um profissional habilitado e isento de conflito de interesses para desenhar o melhor cenário para os seus investimentos.

*Julianne Simões é planejadora financeira pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: [email protected].

**As respostas refletem as opiniões do autor, e não do site ÉpocaNegócios.com ou da Planejar. O site e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.


Texto publicado na Revista Época em 20 de abril de 2023.

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