Consultório Financeiro

Cartão de débito ou crédito: prós e contras

Ivan Luiz, CFP®, responde:

Os cartões de crédito e débito existem há muito tempo, contudo os brasileiros se familiarizaram com eles nos últimos 30 anos, no processo de transição dos tradicionais meios de pagamento, como o dinheiro e os cheques, processo esse acelerado com a era da informática e das telecomunicações.

O sal, o ouro, o papel-moeda, os cartões… são tecnologias de pagamento com seus prós e contras. Sua vantagem de uso – o “como” utilizá-los – é proporcional ao autoconhecimento – o “por que e para que” utilizá-los.

Conhece-te a ti mesmo

Ter ou não ter um cartão de crédito… Limites de crédito dependem de score de crédito, renda, endividamento sob controle e por aí vai. Utilizar limites de crédito requer a existência de uma fonte de recursos que cubra o valor utilizado. Ou seja, requer organização financeira e controle de gastos.

Na falta destes, a tendência é que, no primeiro abalo emocional, o cartão se torne uma extensão da conta-corrente. Ou será que algum consumidor, antes do impulso de gastar no cartão de crédito, já parou e calculou o custo do crédito rotativo mensal que pagará caso não quite integralmente a próxima fatura? O saldo desse descontrole: dívidas.

Sem atalhos: o menor caminho entre o você de hoje e o de amanhã é sempre uma reta

Em finanças pessoais, cartões de crédito podem ser uma armadilha frente aos vieses comportamentais. Um “viés” é um atalho mental, um caminho de menor esforço que, uma vez que deu certo no passado, tende a se repetir, tornando-se um hábito. Na maioria das vezes não há percepção consciente da sua influência, mas eles estão lá, por trás dos dedos e da senha.

Alguns deles, como o viés do Status Quo, baseiam-se na inércia, na aceitação passiva do que já está previamente determinado. É o caso dos cartões de crédito fornecidos dentro de um pacote de produtos, na abertura de uma conta-corrente.

O viés do Efeito Avestruz é a tendência a ignorar informações potencialmente ruins, a fim de evitar o desconforto psicológico decorrente. Ocorre, por exemplo, quando a fatura do cartão chega, está esperando para ser paga, mas não é aberta de imediato. É um escape para a dor psicológica do pagamento.

Já o viés do Presente vem da busca pela recompensa imediata, pelo prazer hoje, e não amanhã. Por isso, o gasto no cartão é maior do que o possível e encargos e juros do limite são ignorados, como também o tamanho da próxima fatura.  

Por onde for quero ser seu par: sua vida e seus cartões

O uso do cartão de débito com atenção plena, ou seja, quando, antes de usar o cartão, você respira e pensa, reflete sobre o seu orçamento e planejamento, pode reforçar a percepção de comprometimento consigo e com seu futuro.

E quando há autocontrole e foco o uso na função crédito traz benefícios que podem fazer sonhos virarem realidade mais rápido. Escolha aqueles que oferecem programas de fidelidade, onde faturas pagas viram milhas aéreas e/ou cashback, a devolução de parte dos gastos em crédito. Eles serão aliados dos seus projetos de vida.

Controlar gastos, não pagar juros e evitar dívidas são hábitos essenciais para um adequado uso de cartões, diretamente relacionados à saúde financeira. Reforçar esse comportamento facilita a gestão financeira e te empodera sobre o consumo e o investimento. E um planejador financeiro pessoal é o profissional certo para ajudar você a se organizar financeiramente para realizar seus projetos e sonhos de vida. 

Ivan Luiz é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro.

E-mail: [email protected]

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações.

Texto publicado no jornal Valor Econômico em 07 de Outubro de 2024

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