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Como evitar que os gastos comprometam toda a renda?

Everson Lopes, CFP®, responde:

Determinar a quantidade exata que você pode gastar do seu salário mensalmente sem comprometer sua renda depende de vários fatores, como suas despesas mensais, endividamento, metas financeiras e estilo de vida. No entanto, existem algumas diretrizes que você deve considerar para ajudar a manter um equilíbrio financeiro e gerar poupança.

É fundamental criar um orçamento detalhado para entender suas receitas e despesas mensais. Anote e planilhe as suas fontes de renda e todas as suas despesas, como moradia, alimentação, transporte, energia, água e demais contas.

Assim que concluir seu orçamento, analise suas despesas e identifique onde você pode reduzir gastos, isso pode incluir cortar despesas desnecessárias, renegociar contratos e procurar por opções mais econômicas.

Esteja atento aos “ladrões de dinheiro” mais comuns, como tarifas bancárias, multas por atraso, gastos excessivos em datas comemorativas, assinaturas automáticas sem uso, pedir comida sem planejamento, pagar o mínimo do cartão, usar limite de cheque especial, fazer mercado sem lista de compras, fazer empréstimos para comprar luxos e gastar no cartão de crédito sem ter o dinheiro.

Organizado o orçamento e cortadas as despesas, é importante tratar da utilização das sobras, priorize o pagamento de dívidas para evitar juros acumulados, inicie pela liquidação das dívidas de alto custo, como cartões de crédito, cheque especial, empréstimos pessoais ou financiamentos.

Superada a fase do planejamento financeiro familiar, e liquidadas as dívidas, é recomendável ter uma reserva de emergência para cobrir despesas inesperadas, como as médicas, perda de emprego, reparos na casa, etc;. Geralmente, é aconselhável economizar de três a seis meses de despesas mensais como reserva de emergência.

Com o hábito de guardar parte do salário incorporado, após a formação da reserva de emergência, pode-se economizar para atingir metas de longo prazo, como comprar uma casa, fazer uma viagem ou garantir uma aposentadoria confortável. Essas conquistas são incentivadoras para manter a motivação na execução do seu planejamento financeiro.

Até aqui foi tratado principalmente do hábito de separar um percentual do salário para reserva financeira, isso vale para todos, sendo reconhecidamente mais difícil para quem possui uma renda menor conseguir priorizar esse objetivo, tendo em vista que o essencial precisa vir em primeiro lugar, mas sendo justo, todos tem o direito de saber e poder tentar executar um plano de controle de despesas e formação de reserva financeira.

O percentual recomendado a ser poupado todos os meses vai de 20% a 30% da renda, mas a resposta a questão é personalíssima, pois do ponto de vista racional, parece muito simples, mas cada um tem conhecimento de sua vida financeira.

Cuidado para não justificar a falta de atitude na execução do planejamento financeiro culpando a renda, pois somente você pode fazer isso por você. A inércia é o caminho mais curto para se viver uma vida desorganizada financeiramente. Estude, entenda suas despesas, acumule o recurso para comprar, evite financiamentos, controle seus custos e tenha assim grandes realizações.

Você é o maior projeto da sua vida! Trabalhe em você, por você.

Lembrando que cada situação financeira é única, sendo aconselhável buscar orientação de um profissional financeiro para uma análise personalizada.

Everson Lopes Stabile é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: [email protected]

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: [email protected]

Texto publicado no jornal Valor Econômico em 22 de janeiro de 2024

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