Como me planejar para fazer um intercâmbio no ano que vem?
Considerando que o dólar está oscilando muito, o que devo fazer?
Rodrigo Santin, CFP®, responde:
Para muitos jovens, fazer um intercâmbio internacional é o maior projeto de vida até então e exige muita pesquisa, planejamento e uma boa execução do plano. Desde o primeiro pensamento sobre a possibilidade de se fazer um intercâmbio até o final da vida, essa é uma experiência que produz muitos sentimentos, muitas vezes antagônicos, como por exemplo: medo e ousadia, angústia e felicidade, dependência e liberdade, etc.
Você investe um tempo planejando as datas de ida e volta, avaliando preços de passagem, procurando estadia, cursos, passeios… e, no final, chega à conclusão que a maioria dos gastos serão em outra moeda, como o dólar ou euro, por exemplo. E que, quando a taxa de câmbio sobe, praticamente todo o intercâmbio fica mais caro e, quando cai, tudo fica mais barato. Haja coração!
Existem períodos em que a variação da taxa de câmbio é maior e períodos mais calmos, mas as oscilações são naturais e vão ocorrer sempre. O gráfico abaixo mostra o dólar médio, máximo e mínimo de cada ano, medido pela PTAX venda do Banco Central.
Sem querer desanimar você, fazer previsões corretas sobre taxas de câmbio é uma tarefa incrivelmente árdua e muito difícil de acertar. Por essa razão, a maioria das empresas e investidores profissionais, que possuem algum ativo ou passivo em outra moeda, simplesmente buscam antecipar receitas e despesas em moeda estrangeira, de modo a não sofrer com as variações cambiais.
Agora vem a parte boa – você que vai fazer intercâmbio consegue implementar, de forma simples e descomplicada, os mesmos conceitos que os profissionais usam! É só seguir as dicas práticas listadas abaixo:
• Faça uma planilha de custos em reais (R$) para avaliar a viabilidade financeira. Para isso, liste todos os custos que você vai ter, incluindo hospedagem, passagem, seguro viagem e saúde internacional, alimentação, taxi, ônibus, passeios, cursos, etc. Multiplique aqueles valores que estiverem em moeda estrangeira pela taxa de câmbio turismo atual, acrescida de 10% (para ser conservador e contemplar possível IOF e outros custos) para converter para reais;
• Quando possível, negocie os valores já em reais. Por exemplo, passagens aéreas, estadia e cursos;
• Faça uma análise de cenários para aqueles custos que você não conseguir negociar em reais, como por exemplo, alimentação e bebidas, passeios, transporte público de curta distância, etc. Para isso, pegue o valor em reais que você calculou na planilha de custos e acrescente uma margem de segurança de 20% (aproximadamente um desvio-padrão da variação do dólar em 12 meses desde 1994) para ter uma ideia de quanto você vai gastar em reais;
• Para as despesas em dólar, tente antecipar o que for possível, para não ficar exposto à variação cambial;
• Para o que não for possível antecipar e você optar por levar moeda estrangeira, já vá comprando, um pouco por semana, o volume de recursos que você vai levar com você;
• Durante a viagem, faça um acompanhamento, no mínimo semanal, do seu orçamento versus o valor gasto, para avaliar se o plano segue como o planejado;
• Tenha sempre uma reserva de emergência e não gaste todo seu dinheiro na viagem.
Tendo a disciplina para fazer o planejamento financeiro, você vai perceber que é possível sim fazer seu intercâmbio sem tomar grandes sustos devido às variações cambiais.
Rodrigo Santin é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected].
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Texto publicado no site Época Negócios em 18 de dezembro de 2018