Como organizar o planejamento financeiro para os filhos após o divórcio?
Hugo Ferraz, CFP®, responde:
Essa sem sombra de dúvidas é uma questão que não pode ser negligenciada, pois a criação dos filhos independe da relação conjugal dos seus pais. A organização de um planejamento conjunto para a criação dos filhos após o divórcio é fundamental para garantir o bem-estar das crianças e a cooperação entre os pais.
Infelizmente, em muitos casos, o divórcio nem sempre é um momento tranquilo e pode acabar em litígio, ficando a cargo da justiça a definição de um valor de pensão. Esse valor às vezes é insuficiente, e, se há espaço para o diálogo, essa é a melhor alternativa para que o futuro dos filhos não seja comprometido.
Quando se fala em planejamento, deve se ter claro os objetivos de curto, médio e longo prazo. É muito importante que elenquem as despesas correntes, tais como: custo com alimentação, educação, saúde, lazer e demais gastos que podem variar de acordo com cada família. É comum, às vezes, que os pais combinem que cada um vai ficar responsável por determinada conta. O importante é que haja consenso e que os gastos fiquem coerentes com o orçamento de cada um. Superada essa parte, os pais devem discutir o que esperam da criação dos filhos, passando para o planejamento de médio e longo prazo. A criação dos filhos, falando em termos financeiros, vai até o momento em que cada filho atinge a independência financeira.
Quando se trata de médio e longo prazo, algumas possibilidades devem ser avaliadas e quantificadas: viagens de férias, festas de aniversário, intercâmbios e os custos com a faculdade, por exemplo. Ao ter claro esses objetivos, é importante se organizar financeiramente. O ideal é que também seja discutido o montante de reservas que necessitam ser acumuladas para realizar esses objetivos.
Ao se estabelecerem os valores a serem acumulados para a criação dos filhos, não se pode deixar de avaliar se os pais possuem também a chamada reserva de emergência, para que não haja intercorrências durante essa jornada, como a perda de emprego, por exemplo. Se ambos possuem reservas de emergência, o próximo passo é estabelecer quanto cada um deve dispor mensalmente para que se acumule o valor necessário de acordo com os objetivos traçados para a criação dos filhos, e começar a poupar desde já. Quanto mais cedo se inicia essa poupança, menos esforço é exigido, o que significa um valor mensal menor e o benefício de acumular um montante maior.
E quando se fala em poupar dinheiro, é muito importante que os pais saibam quais investimentos são os mais recomendados para acumular essa reserva. Para isso, é necessário conhecer seu perfil de investidor – através da chamada API (Avaliação do Perfil de Investidor) – e direcionar seus investimentos de acordo com o perfil identificado. É importante pedir ajuda a especialistas nesse momento.
Lembre-se de que a coparentalidade eficaz requer esforço, flexibilidade e empatia de ambas as partes. À medida que as necessidades das crianças mudam ao longo do tempo, é importante revisar e ajustar o plano conforme necessário para garantir que ele continue atendendo ao melhor interesse das crianças.
Hugo Ferraz é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: ( [email protected])
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Texto publicado no jornal Valor Econômico em 15 de janeiro de 2024