Consultório Financeiro

Fundo imobiliário substitui investimento em imóvel?

Edgar Bispo, CFP®, responde:

Os brasileiros têm preferência por investir em imóveis, e existem explicações para essa escolha.

1. Simplicidade: No Brasil, falta a tradição de estudar sobre investimentos. Como a compra de imóveis não exige conhecimentos profundos sobre o assunto, torna-se mais acessível a todos.

2. Segurança: Por serem bens tangíveis, os imóveis proporcionam um efeito psicológico de realização e segurança, além de oferecerem grande proteção jurídica. Outro fator que reforçou a preferência dos brasileiros por investir em imóveis foi o confisco da poupança pelo governo Collor no início dos anos 90, gerando insegurança nas pessoas em relação a aplicar em ativos intangíveis.

3. Valorização: A expansão urbana e o desenvolvimento de novas tecnologias na produção agrícola contribuíram significativamente para a valorização dos imóveis no Brasil.

O fundo de investimento imobiliário (FII), criado em 1993, permitiu que pequenos investidores acessassem esse mercado. Essa modalidade oferece várias vantagens em comparação à compra individual de imóveis:

1. Com um pequeno valor, a pessoa pode adquirir cotas de um fundo, algo que não é viável para a compra de um imóvel inteiro.

2. O proprietário de cotas de um fundo de investimento está isento das responsabilidades administrativas que teria ao gerenciar um imóvel, como reformas, pagamento de impostos, negociação com inquilinos e outras tarefas.

3. Os dividendos são isentos de imposto de renda.

4. A gestão profissional é outro fator relevante, já que os recursos são administrados por profissionais especializados, o que potencializa a rentabilidade do investimento.

5. Maior liquidez: a falta de liquidez sempre foi um problema para investidores em imóveis. Os fundos imobiliários apresentam liquidez muito superior em relação ao investimento imobiliário tradicional.

Existem dois tipos de fundos imobiliários: os fundos de papel e os de tijolo. Os fundos de papel investem em ativos financeiros do mercado imobiliário, como CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários), LCI (Letras de Crédito Imobiliário), LH (Letras Hipotecárias) e outros relacionados a direitos sobre imóveis; enquanto os fundos de tijolo investem em imóveis físicos, como shopping centers, prédios comerciais, armazéns, hotéis e outros tipos de imóveis.

As principais vantagens dos fundos de papel em relação aos fundos de tijolo são a maior liquidez e menores riscos, uma vez que o gestor tem mais liberdade para diversificar as aplicações. Por outro lado, os fundos de tijolo proporcionam ao investidor a possibilidade de direcionar os recursos conforme o tipo de imóvel em que pretende investir, considerando fatores como a vocação dos imóveis, a qualidade dos inquilinos e o tipo de contrato de locação.

Em resumo, os fundos imobiliários apresentam inúmeras vantagens em relação ao investimento direto em imóveis. Contudo, é importante considerar que trata-se de um investimento em renda variável, o que, na maioria das vezes, é incompatível com o perfil do investidor tradicional em imóveis, que não está acostumado a observar a oscilação diária de seus investimentos.

Recomenda-se que aqueles que pretendem vender imóveis para aplicar em fundos o façam gradualmente, a fim de se adaptarem a essa nova forma de investimento imobiliário e evitarem o risco de perder dinheiro caso ocorra uma crise aguda no segmento imobiliário.

Edgar Bispo dos Anjos é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: [email protected]

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