O que são ‘bull market’ e ‘bear market’?
Leonardo Zin, CFP®, responde:
Investir em ações e outros ativos financeiros pode parecer complicado, especialmente para investidores iniciantes, quando se deparam com termos até então desconhecidos, como suporte, resistência, volatilidade, blue ship, bull market e bear market, por exemplo. É muito importante que o investidor conheça alguns desses conceitos e saiba como utilizá-los na gestão do seu patrimônio.
Existem diferentes explicações para os termos bull e bear market, frequentemente usados quando se fala das condições de mercado no mundo dos investimentos. A versão mais popular faz referência aos animais touro e urso e aos seus respectivos movimentos de ataque. O touro prepara seu ataque com os chifres apontando de baixo para cima, uma alusão à tendência de alta nos preços dos ativos. Por sua vez, o urso se levanta para atacar com as patas de cima para baixo, representando a tendência de baixa nas cotações.
Bull market é o mercado que está em ascensão, onde as condições da economia do país são favoráveis, os níveis de emprego são elevados, empresas e indivíduos contam com recursos disponíveis para investir. Com muitos investidores querendo comprar e poucos dispostos a vender, cria-se o movimento de alta nos preços dos ativos. Nesses tempos, os investidores muitas vezes acreditam que a tendência de valorização continuará no longo prazo e, assim, sentem-se confiantes para continuar apostando no mercado. Também por isso, é durante o bull market que se observa o aumento de novos investidores, atraídos pela possibilidade de ganhos “fáceis”.
Por outro lado, o bear market geralmente acontece em cenários de economia enfraquecida ou em desaceleração, colapso de bolhas de mercado, pandemias, guerras, crises geopolíticas e mudanças significativas na estrutura econômica local ou global que podem impactar a atividade empresarial. Os preços das ações costumam refletir as expectativas dos investidores em relação ao desempenho das empresas. Por consequência, quando uma empresa apresenta lucros abaixo do esperado ou cresce menos do que os analistas previram, os investidores tendem a reagir vendendo suas ações, causando queda nos preços. O comportamento de manada, combinado com o medo de perdas, pode desencadear uma corrida para vender ativos, resultando em períodos prolongados de desvalorização.
A Comissão de Valores Mobiliários dos EUA define que o bull market ocorre quando as ações se valorizam pelo menos 20% em um período de pelo menos dois meses. O bear market é o oposto: ocorre quando os títulos já caíram pelo menos 20% em relação às máximas mais recentes. Não é possível determinar a duração exata dessas tendências, que pode variar de algumas semanas a até vários anos. No entanto, estudos referentes à performance do índice S&P500 da Bolsa Americana desde 1942 mostram que, em média, um bull market dura quatro anos, enquanto períodos de bear market ficam próximos de 11 meses.
Compreender os conceitos de bull market e bear market é essencial para qualquer investidor, pois existem riscos e oportunidades em ambas as condições. Esses termos não apenas descrevem o comportamento do mercado, mas também influenciam a postura do investidor diante dos investimentos. Diversificar o portfólio, manter a calma durante os ciclos de alta e baixa, planejar estratégias de alocação e manter-se informado sobre os fatores que afetam o mercado são práticas indispensáveis para o alcance de resultados positivos no longo prazo.
Leonardo Zin é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: ([email protected])
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Texto publicado no jornal Valor Econômico em 29 de Julho de 2024