Quais as dicas para quem vai começar a investir?
Diversifique e não se arrisque em demasia
Magno Camelo, CFP®, responde:
Investir é um tema que gera diversas dúvidas para quem está começando: por que investir, qual o montante a ser poupado, qual a frequência de aportes, por quanto tempo investir e quais produtos escolher são apenas algumas delas.Não existe uma receita de bolo para seguir, mas há pontos de atenção que podem auxiliar na construção de uma base sólida para o planejamento financeiro.
A primeira dica é procurar a ajuda de um profissional. Geralmente, quem está começando a investir não possui o conhecimento necessário para montar um planejamento financeiro robusto, mas hoje é possível contar com a ajuda de planejadores financeiros, que poderão auxiliar na definição da estratégia adequada para cada perfil e objetivo.
A análise do perfil do investidor passa pela compreensão da disposição ao risco, bem como da capacidade para correr tais riscos. Fatores como idade, família, nível de renda, patrimônio acumulado, entre outros impactam diretamente a definição da estratégia de investimentos.
A abordagem para um jovem solteiro que pretende acumular patrimônio será diferente daquela para uma pessoa casada que pretende guardar dinheiro para a aposentadoria, que, por sua vez, será diferente da abordagem aplicada a uma pessoa que tem objetivos de curto prazo, como, por exemplo, a reforma da casa.
A dica seguinte é focar em quitar ou renegociar dívidas onerosas antes de investir. Não adianta poupar se a dívida cresce mais do que o retorno obtido nas aplicações.
Constituir um patrimônio é como erguer um edifício: primeiro é preciso construir o alicerce, o que é feito pela reserva de emergência. O montante necessário vai depender do volume de despesas mensais e do regime de trabalho, mas, a princípio, ter como alvo algo equivalente aos gastos de um período entre seis e doze meses trará maior segurança para os momentos de incerteza.
Alguns cuidados básicos parecem simples, mas devem ser observados de forma contínua.
O primeiro é não seguir dicas de “gurus” da internet, principalmente se são oferecidos ganhos certos sem risco, pois, afinal, “não existe almoço grátis”.
Não tente prever o movimento dos preços do mercado, o famoso market timing. É melhor seguir a estratégia, focando em realizar aportes constantes dentro de uma alocação pré-definida do que tentar adivinhar qual a melhor carteira ou estratégia de ativos ou papel para investir naquele momento. Deixe isso para os gestores profissionais.
Controlar as despesas é um dos fatores determinantes na construção do patrimônio, mas é importante ter equilíbrio e qualidade de vida. Cancelar o streaming ou evitar aquele cafezinho com os colegas de trabalho salvará alguns reais por mês, mas não lhe tornará rico. Foque em aumentar as receitas, pois isso lhe trará mais benefícios.
Estudar é imprescindível para quem pretende operar por conta própria e possibilita que o investidor que delega a função consiga criticar se o que está sendo feito está em linha com os objetivos traçados.
Diversifique e não se arrisque em demasia, pois é melhor ter um ganho menor e evitar o risco da ruína.
Tenha calma. Haverá volatilidade ao longo do percurso, mas o mais importante é alcançar o objetivo pretendido.
Por fim, comece a investir o quanto antes, pois o tempo é o fator que potencializa os juros compostos, e não o retorno médio em si.
Magno Camelo é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: [email protected]
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Texto publicado no jornal Valor Econômico em 21 de Agosto de 2023.