Consultório Financeiro

Tarifas bancárias: como evitar?

Gustavo Di Buono, CFP®, responde:

O que você faria hoje com R$ 316,56?

Esse é o valor médio pago anualmente por quem possui o “pacote padronizado de serviços 1”, a famosa taxa bancária ou custo de manutenção de conta segundo o Banco Central.

Precisamos pagar essa taxa? A resposta mais sensata é: depende.

Abrir conta-corrente significa firmar contrato de reciprocidade. Você usufrui de um sistema. Faz sentido pagar por ele? Ele entrega a qualidade e segurança que você procura em um banco?

Resolução de 2010 do BC (3.919, art. 2º) permite acesso a serviços essenciais sem tarifas! Ou seja, é possível ter uma conta isenta de tarifa, mas… lembra do contrato de reciprocidade? Se a conta não for de interesse do banco, ele pode simplesmente encerrar sua conta com respaldo do BC.

Alguns serviços essenciais nessa resolução:

    • fornecimento de cartão de débito;
    • quatro saques.
    • duas transferências entre contas do mesmo banco.

Fato interessante que abriu concorrência e muitos benefícios a todos os clientes bancários foram as resoluções 4.656 e 4.657 de 2018, regulamentando os bancos digitais – as fintechs (bancos que não possuem estrutura física, por exemplo uma agência. O acesso é apenas via aplicativo ou internet).

Qual a solução encontrada pelas fintechs para atrair clientes em um mercado novo e desconhecido? Isenção de taxas.

Hoje temos inúmeras fintechs que possuem um verdadeiro shopping no aplicativo, que vai muito além dos serviços bancários, alguns inclusive ofertando conta internacional.

Lembre-se: “Se você não está pagando por um produto, provavelmente o produto é você”. Para evitar risco de inadimplência, fintechs “travam” o limite do cartão de crédito a um determinado valor investido. Em contrapartida, disponibilizam diversos benefícios a seus clientes.

Trata-se de uma reciprocidade ganha-ganha. Enquanto isso, elas lucram utilizando seu investimento como lastro (garantia), por exemplo para um crédito.

Essa concorrência entre bancos tradicionais e fintechs trouxe diversos benefícios ao consumidor. Quem não optou por fintechs viu suas tarifas bancárias sendo reduzidas em até 37% segundo estudo da FIPE (CI 5772 08/2023).

Devido à perda do Market Share pelos bancos tradicionais (indicador que representa % da participação de uma empresa no mercado), eles também aderiram aos serviços digitais, e vemos hoje bancos com aplicativos robustos para evitar a evasão de clientes.

Como evitar as taxas bancarias?

Caso não queira migrar para uma fintech, busque isenção de tarifas através da reciprocidade. Ter bom relacionamento com seu gerente pode ser muito útil na negociação:

Alternativas:

  • Cartões de crédito que isentam anuidade em caso de utilização ou gastos a partir de R$ X por mês. Alguns bancos isentam as taxas através de aquisições de produtos bancários, por exemplo investir em CDB ou possuir investimentos a partir de um valor mínimo determinado.
    • Portabilidade de salário ou aposentadoria.

Planeje-se:

  • Reduza o número de saques e impressões. Caso tenha que retirar extrato mensal, utilize o canal digital que não possui limites.
    • Organize suas contas para um ou dois vencimentos. Assim, você evita saques desnecessários. Opte por cadastro de débito automático.
    • Uso do PIX.

Sem solução após essas tentativas? Reveja a reciprocidade.

Avalie se realmente existe relacionamento justo com seu banco atual. Do contrário, opções não faltam em um mercado que a cada dia busca mais clientes através de mais benefícios e serviços.

Gustavo de Oliveira Barbosa Di Buono é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: [email protected]

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: [email protected]

Texto publicado no jornal Valor Econômico em 04 de Novembro de 2024

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