Consultório Financeiro

Como definir valor de seguro de vida?

Há de se analisar por quanto tempo você pretende amparar a sua família na sua ausência

Felipe Noronha , CFP® responde:

O valor mais adequado é aquele no qual o valor do sinistro irá atender toda a família por um período e que o prêmio pago não prejudique seu Planejamento Financeiro Familiar . Dito isso, há de se analisar por quanto tempo você pretende amparar a sua família com esse seguro na sua ausência: um, dois, cinco, dez anos, ou até mesmo a vida inteira. 

Para ficar mais claro, imaginemos o seguinte: uma renda familiar (casal e dois filhos) de 15 mil reais da qual 10 mil reais venham de um dos cônjuges e 5 mil da renda do outro cônjuge. Vamos partir do princípio de que essa renda seja suficiente para todos os compromissos financeiros da família (alimentação, educação, lazer, moradia etc.) e de que eles queiram que a família receba esse mesmo valor todos os meses por 10 anos. 

Se considerarmos um rendimento real (acima da inflação) de 3% ao ano (o que hoje é bem factível, pois é possível encontrar investimento em títulos públicos remunerando IPCA + 6% ao ano – veja em: https://www.tesourodireto.com.br/titulos/precos-e-taxas.htm), a família teria que ter uma cobertura em torno de R$ 1.035.000,00 (um milhão e trinta e cinco mil reais), isso considerando apenas os 10 mil reais referentes à parte de um dos cônjuges no orçamento. Já no caso do(a) outro(a) cônjuge, este(a) teria que contratar um seguro no valor aproximado de R$ 520.000,00 (quinhentos e vinte mil reais).

Vale ressaltar que há dois principais “tipos” de seguro de vida: o Tradicional, que garante cobertura vitalícia – em caso de morte do segurado a proteção financeira contratada é garantida aos beneficiários; e o seguro de vida Resgatável, uma opção híbrida que traz a possibilidade de recuperar parte dos valores pagos. O Resgatável possui as mesmas coberturas do Tradicional, porém caso não ocorra o sinistro, o segurado, por qualquer razão, caso não precise mais ou não tenha condições de seguir com o pagamento do seguro, pode resgatar parte ou a integralidade do valor corrigido pela inflação. Nesse último caso, há a necessidade de consultar as carências para recebimento de parte ou da integralidade do valor corrigido.

O seguro de vida é muito procurado nos casos de “falta” do segurado, conforme questionamento do leitor, mas em sua maioria há também outras importantes coberturas dentro do seguro de vida que devem ser consideradas e avaliadas no âmbito profissional e familiar, como: Incapacidade Temporária, muito procurada por profissionais liberais e autônomos para proteger a renda no caso de impossibilidade de trabalhar por um período; cobertura por Doenças Graves, indenização que pode ajudar a custear gastos necessários após o diagnóstico da doença; e a cobertura por Invalidez, que é também utilizada em vida e pode ser causada por um acidente ou uma doença, podendo essa invalidez ser total ou parcial.

Importante dizer que o melhor seguro de vida é aquele que atende às suas necessidades. Portanto, a busca por informação é o melhor caminho para contratar um seguro sob medida para você. É aconselhável procurar um Planejador Financeiro CFP® para que ele possa lhe auxiliar levando em consideração seus objetivos e necessidades específicas. 


Felipe Noronha Claro é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial  Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: [email protected] 

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: [email protected]



Texto publicado no jornal Valor Econômico em 08 de Maio de 2023.

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