Consultório Financeiro

Como escolher entre prefixado, pós-fixado e atrelado à inflação?

Gosto bastante de diversificar em renda fixa. Como, no momento atual, se diferenciam os cenários para papéis pré-fixados, pós-fixados e atrelados à inflação?

Daniela Barros, CFP®, responde:

No cenário econômico atual, temos uma crescente expectativa de inflação, pressionando o governo a promover sucessivas altas na taxa SELIC (taxa básica de juros). Começamos 2021 com a taxa SELIC em 2% a.a. e encerramos o ano com 9,25% a.a., com alguns economistas já apostando que ela pode chegar a dois dígitos em 2022.

Considerando esse cenário, a renda fixa volta a chamar a atenção dos investidores. Porém, o nome Renda Fixa pode trazer confusão ao investidor, uma vez que nem sempre a rentabilidade do título é fixa. Os títulos de renda fixa tanto públicos como privados possuem três tipos de taxas atreladas a eles. É importante o investidor entender qual deles é ideal considerando o cenário atual, seus objetivos e necessidades de liquidez.

Pós-fixados – Os títulos têm a remuneração atrelada à taxa básica de juros SELIC ou ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário). Recomendamos esses títulos em um momento de ciclo de alta de juros. São ideais para investidores conservadores e que necessitam de liquidez diária, pois possuem baixa volatilidade. Em caso de necessidade de resgate antes do vencimento, seu valor não sofre grandes mudanças. O investidor recebe uma porcentagem sobre a taxa de referência acordada apurada sobre o período investido.

Pré-fixados – A taxa de juros oferecida ao investidor já é acordada na emissão do título, assim o rendimento é garantido se o título for mantido até o vencimento. São títulos recomendados para um momento de ciclo econômico positivo, quando as taxas de juros estão em queda.

Atrelados à inflação – São títulos que oferecem remuneração atrelada a um índice de inflação, como o IPCA ou o IGPM, mais uma taxa pré-acordada, que representa a taxa real oferecida. Ideais para proteger o poder de compra em um momento em que há alta expressiva nos preços.

Ao investir em títulos pré-fixados e atrelados ao índice de inflação + taxa pré-fixada, o investidor deve redobrar a atenção, pois são títulos que podem ter muita volatilidade em momentos de ruídos políticos ou mudanças macroeconômicas. Pode acontecer de o investidor ter prejuízo caso precise vender o título antes de seu vencimento, pois o título será marcado a mercado, isto é, seu valor será atualizado considerando a taxa atual exigida pelo mercado. Se esta for mais alta do que a taxa acordada, ocorre a desvalorização do título. O investidor pode resgatar menos do que investiu. Um cenário positivo para o investidor é o oposto, quando ocorre a queda de juros e o título oferece uma taxa mais alta. Nesse caso, se o investidor optar por revender o título antecipadamente pode receber um rendimento mais alto do que o acordado no título.

Vale reforçar que a diversificação é importante tanto para investir em títulos com diferentes modalidades de taxas de modo a adequar o portfólio a um novo cenário econômico quanto para investir em títulos de diversos emissores para a redução do risco de crédito.

Daniela Barros é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: [email protected]

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: [email protected]

Texto publicado no jornal Valor Econômico em 20 de dezembro de 2021.

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