Como gerenciar o risco de liquidez nos investimentos?
Tenho uma reserva construída ao longo de 15 anos de trabalho. Fui diversificando conforme indicação dos meus amigos. Apliquei em alguns fundos em que o resgate leva 30 dias. Isso tem me atrapalhado e já cheguei até a entrar no cheque especial por falta de liquidez. Qual seria a melhor forma de fazer essa diversificação?
Eliane Tanabe, CFP®, responde, com a colaboração de Sônia Giacomelli:
Sua pergunta aborda a diversificação na alocação de recursos, um princípio fundamental para investimentos financeiros em geral. Seu dinheiro, obtido com muita disciplina em 15 anos de trabalho, merece e deve ser bem alocado em uma carteira de investimentos de qualidade.
Aplicações financeiras possuem particularidades que atendem a diferentes necessidades. Estamos falando dos seus objetivos ao longo do tempo, como reserva de emergência, manter custo de vida em transições de carreira e vida, conquistas patrimoniais ou uma aposentadoria tranquila.
Perceba que diversificar, conforme os amigos indicaram, pode partir do princípio do melhor produto! Porém, melhor produto é aquele que atende a seu perfil e suas necessidades individuais, dentro do contexto pessoal.
Neste caso, a diversificação não o atendeu adequadamente pois, ao precisar usar o recurso, não havia a disponibilidade imediata. Você estava exposto ao risco de liquidez e é frustrante ter recursos e não poder utilizá-los e ter de emprestar dinheiro no cheque especial. O princípio da diversificação é minimizar riscos, potencializando as rentabilidades, obtendo uma carteira de investimentos eficiente! A melhor forma de diversificar é gerenciando, no mínimo, os riscos básicos em finanças para que cada objetivo do recurso tenha o melhor uso no curto, médio ou longo prazos.
Risco de liquidez: possibilidade de precisar do recurso, mas ele não estar disponível.
Os fundos com prazo de resgate em 30 dias não o atenderam. Existem produtos que não permitem resgate fora da carência ou cobram uma taxa para isso. São particularidades que podem favorecer por um lado, mas desfavorecer no acesso imediato aos recursos. Recursos de curto prazo devem essencialmente ser aplicados em alternativas de liquidez imediata.
Risco de crédito: possibilidade de a instituição, financeira ou não, pública ou privada, que tenha emitido um título, não conseguir devolver o recurso e os juros contratados.
Fundos de investimentos podem ter em sua composição títulos com risco de crédito, menor ou maior, conforme estratégia definida em sua política de investimento. Podem favorecer a diversificação, aliado ou não à necessidade de liquidez. Caso seja um tipo de estratégia de seu interesse e perfil, são alternativas de diversificação para os recursos de médio ou longo prazos como os projetos, sonhos ou a longevidade.
Risco de mercado: chance de o fundo de investimento escolhido ter variação desfavorável conforme a oscilação de preços de seus ativos em sua composição, no mercado financeiro.
Os fundos podem gerar ganhos ou sofrer desvalorização dos ativos por motivos variados, como situações desfavoráveis na economia, política, legislação, setor, mercado internacional, entre outros. Podem oferecer liquidez ou não. Leia sempre o regulamento do produto. Se você tolera oscilações de preços, servem de diversificação para os investimentos de médio, mas especialmente, de longo prazo.
Consulte um planejador financeiro pessoal ou um estrategista de vida que poderá aliar seu perfil de investidor às necessidades técnicas, levando-o a uma carteira equilibrada para suas necessidades particulares.
Eliane Tanabe Deliberali é planejadora financeira pessoal e possui a certificação CFP (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected].
As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: [email protected].
Texto publicado no jornal Valor Econômico em 24 de junho de 2019.