Consultório Financeiro

Faz sentido investir em FIIs para depois comprar um imóvel?

Estou pensando em comprar um imóvel e pensei em ir investindo em fundos imobiliários enquanto ainda não tenho todo o dinheiro para dar entrada em um, para depois sacar (pois estou com medo de que o preço dos imóveis suba). Essa estratégia faz sentido?

Felipe Fiabane Miranda, CFP®, responde:

Para a maioria dos brasileiros, o sonho da casa própria é o principal objetivo de vida e, para que consigam realizar esse sonho, existem algumas opções: adquirir o imóvel à vista ou fazer um consórcio ou um financiamento bancário. A compra à vista, caso você não tenha todo o recurso disponível, pode levar tempo e a oscilação no preço pode atrapalhar esse objetivo. A cidade onde você pretende realizar a compra também pode influenciar isso. Em média, o valor de venda do metro quadrado de imóveis residenciais avançou 5,29% em 2021 de acordo com o Índice FipeZap, calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas com base nos anúncios de imóveis publicados em portais da internet.

Avaliando os fundos imobiliários nos últimos 12 meses, temos fundos com ótimos desempenhos, mas a grande maioria sofreu com o início do ciclo de alta de juros. Esse aumento na Selic torna as aplicações de renda fixa mais atraentes e o financiamento habitacional mais caro, e há uma correlação direta entre a Selic e o IFIX (índice composto pelas cotas de fundos de investimentos imobiliários listados na B3). A taxa básica de juros e o IFIX andam quase sempre em sentido oposto, ou seja, caso você tivesse investido em FIIs com o objetivo de acompanhar a alta de preços dos imóveis teria tido uma perda nesse período, portanto essa não seria a melhor alternativa de acúmulo de dinheiro para a compra do imóvel.

Entender o que são fundos imobiliários é importante. FII é uma espécie de “condomínio” de investidores que reúnem seus recursos para que sejam investidos em conjunto no mercado imobiliário; os rendimentos são divididos entre os cotistas de forma proporcional à quantidade de cotas. Esses rendimentos são distribuídos aos cotistas com isenção de IR e, caso haja ganho de capital na venda das cotas, a valorização é tributada em 20%. Saber o rendimento, a tributação, a qualidade e a experiência da gestão, quais os riscos e quais os tipos é fundamental para a melhor decisão de investimento. Existem diferentes tipos de FIIs: os chamados fundos de renda, os fundos de desenvolvimento, os fundos de dívida, os fundos de tijolo e, por último, os fundos de fundos.

Para que você consiga realizar um bom planejamento, em primeiro lugar é importante identificar o seu perfil de investidor, a sua tolerância ao risco, um horizonte de tempo e um valor mensal que você consiga poupar sem prejudicar o seu orçamento familiar. De posse dessas informações, você conseguirá fazer um planejamento financeiro adequado. Caso tenha dificuldade em estruturá-lo, você pode consultar um especialista de investimentos, que vai assessorar a montagem de um portfólio de investimentos completo e diversificado, buscando retorno de acordo com seu perfil e objetivo, contendo diversos tipos de ativos, inclusive FIIs.

Felipe Fiabane Miranda é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. Email: [email protected]

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para:[email protected]

Texto publicado no jornal Valor Econômico em 24 de janeiro de 2022.

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