Consultório Financeiro

O que considerar na hora de escolher fundo imobiliário?

“Tenho ouvido muita gente falar sobre investimento em fundos de investimento imobiliário. Quero começar a investir, mas não sei por onde! O que devo considerar na escolha?”

Ricardo Veles, CFP® e Mario Melilli, CFP®, respondem: 

Os fundos imobiliários são divididos em cotas representando o empreendimento definido para cada projeto. Ou seja, as cotas são negociadas em bolsa de valores e os fundos permitem diversas formas de gestão e alocação dos recursos captados. São classificados como renda variável e, como tal, podem ter menor ou maior risco dependendo da composição do fundo.

Temos a possibilidade de alocação em fundos imobiliários com diversos objetivos, divididos da seguinte forma:

·         Fundos de renda: o objetivo desses fundos é a construção ou compra de imóveis para locação, e a rentabilidade dos aluguéis é repassada para o investidor.

·         Fundos de compra e venda: como o próprio nome diz, o objetivo desses fundos é a compra e venda de imóveis, aproveitando a queda e desvalorização de mercado para efetuar bons negócios. Portanto, esse tipo de fundo é voltado para investidores mais arrojados, por conta de sua oscilação.

·         Fundos de desenvolvimento: com risco ainda mais elevado, esse tipo de fundo atua desde a compra do terreno até a construção com objetivo de locação ou a venda do empreendimento. Seu risco é mais elevado, pois depende da construção, do sucesso quanto a sua valorização, da possibilidade de locação e do nível de procura pelo imóvel.

·         Fundos de recebíveis imobiliários: mais conhecidos como “fundos de papel”, se concentram na compra de CRIs (Certificado de Recebíveis Imobiliários). Possuem comportamento semelhante ao de fundos de renda fixa, por isso são recomendados para investidores com menos apetite para riscos de mercado.

·         Fundos de fundos: são fundos que compram cotas de outros fundos imobiliários. O investimento nessa categoria busca delegar para terceiros a escolha dos ativos imobiliários que farão parte da composição do portfólio. É interessante para quem está começando a investir, pois esse tipo de ativo permite acesso a diversos fundos.

Veja seu perfil

Ao realizar uma análise sobre fundos de investimentos imobiliários (FII), é essencial saber qual o seu perfil como investidor, seu horizonte de tempo e a liquidez de negociação da cota escolhida. Dessa forma, entender e conhecer os riscos dos investimentos antes de investir é tão relevante quanto a escolha dos fundos.

A vantagem de investir em FII em vez de adquirir um imóvel é que você pode começar a investir um capital pequeno. E comprar cotas de diversos segmentos (lajes corporativas, shoppings, hospitais, hotéis, galpões, escolas, agências bancárias). Além disso, os dividendos são isentos de imposto de renda para pessoa física caso o fundo tenha no mínimo 50 cotistas e o investidor possua menos de 10% das cotas do fundo, porém quando da venda incidirá IR de 20% sobre a valorização das cotas.

Cuidados na hora de escolher seu fundo imobiliário

Um erro clássico para o investidor é selecionar um fundo apenas pelo rendimento. Dessa forma, alguns cuidados quanto à qualificação mencionada acima são essenciais. Informe-se sobre o tipo de imóvel que faz parte da composição do fundo, quem são seus locatários, a rentabilidade mensal, o valor da cota em relação ao patrimônio e a vacância.

Os fundos imobiliários são uma ótima forma de diversificação da carteira, mas, da mesma forma que as ações, seus fundamentos precisam ser analisados para o investimento. A valorização e o rendimento não devem ser os únicos parâmetros para essa escolha.

Ricardo Veles e Mario Melilli são planejadores financeiro pessoais e possuem a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected] e [email protected] 

As respostas refletem as opiniões das autoras e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. Ou seja, o jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: [email protected]

Texto publicado no jornal Valor Econômico em 12 de abril de 2021.

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