Artigos Planejar

Qual percentual da renda podemos investir em criptomoedas?

Qual percentual da renda podemos investir em criptomoedas e o que devemos saber antes de investir nesse tipo de ativo?

Marcos Rodarte CFP®, responde:

Criptomoedas são investimentos em tecnologias disruptivas em âmbito global. Para ficar mais claro ao leitor, a nossa sociedade vive, atualmente, na chamada “Era da informação”. A internet está presente na maioria das atividades, como o envio de um e-mail, uma pesquisa no Google ou a compra de um livro na Amazon. O que hoje é algo normal do cotidiano há 20 anos era totalmente novo, quando poucos apostavam nessas novas tecnologias.

Em uma retrospectiva, quem investiu nas ações do Google ou da Apple nos primeiros anos de existência dessas companhias multiplicou seu patrimônio. Atualmente, investir nessas famosas empresas de tecnologia apresenta muito menos risco do que há 20 anos, quando os modelos de negócio ainda estavam sendo testados até encontrar o mercado ideal, como o mercado de smartphones, desenvolvido pela Apple.

Criptomoedas são uma dessas tecnologias que já fazem parte do cotidiano da chamada “Era da descentralização”. Um exemplo disso é a inovação nas propriedades de itens digitais e a comercialização das criptomoedas com outras pessoas. Atualmente já existem quadros de artes virtuais desenvolvidas em ambiente digital que conferem ao seu dono autenticidade de propriedade, assim como compras de lotes de terrenos virtuais para alugá-los a empresas que queiram divulgar seus produtos. O acesso a esse novo mundo só é possível por meio da tecnologia por trás das criptomoedas, a tecnologia Blockchain, catalisadora dessa nova era.

Como a tecnologia ainda é disruptiva, o risco dos investimentos em criptomoedas continua alto. Em maio de 2021, o Bitcoin chegou a desvalorizar mais de 50% desde sua máxima histórica após o governo da China proibir o uso computacional para minerar Bitcoin em território chinês. No mês de junho deste ano, durante um movimento de aversão a risco nas bolsas globais como consequência do aumento dos juros nos EUA, o Bitcoin desvalorizou 65%. Ao longo dos últimos anos, essas correções no preço foram compensadas por expressivas valorizações para quem manteve o investimento. O horizonte de investimento ideal é de pelo menos cinco anos para capturarmos o benefício da diversificação do investimento em criptomoedas, que hoje são representadas principalmente pelas duas maiores moedas digitais em valor de mercado, Bitcoin e Ethereum.

Independentemente de você já investir no mercado de renda variável e ter familiaridade com o comportamento do preço de ações, ou mesmo se nunca investiu, mas quer incluir criptomoedas em seu portfólio, o ideal é investir um percentual que não comprometa o desempenho da carteira como um todo e ter ciência de que pode perder parte considerável da aplicação. O foco, para esse tipo de investimento, deve ser um horizonte de, pelo menos, cinco anos.

Historicamente, incluir um pequeno percentual de investimento em Bitcoin contribui para diminuir o risco total da carteira de investimento no longo prazo, pois esse ativo se mostrou descorrelacionado aos principais índices do mercado, como o Ibovespa e o S&P500.

Portanto, o investimento em criptomoedas não é recomendado caso se pretenda utilizar o dinheiro no curto prazo, pois as oscilações são altas. Conforme os exemplos acima citados, um investimento feito hoje pode vir acompanhado de uma queda expressiva no preço do Bitcoin em questão de semanas. Entretanto, os expressivos retornos obtidos pelo Bitcoin nos últimos cinco a dez anos são um indicativo de que uma pequena alocação nesses ativos pode gerar um excelente retorno para uma carteira de investimentos.

Marcos Rodarte é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial  Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: [email protected]

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do site ÉpocaNegócios.com ou da Planejar. O site e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações.

Texto publicado na Revista Época em 31 de dezembro de 2022.

4