Consultório Financeiro

Como me ajustar a essa nova realidade de juros?

“Tenho 28 anos e, com a nova realidade de juros, tenho uma grande preocupação do que fazer para rentabilizar melhor investimentos de longo prazo, visando a aposentadoria. Como me ajustar a essa nova realidade?”

Ricardo Ghilard, CFP®, responde:

Olá, cada vez mais devemos nos preparar melhor para a nossa aposentadoria. O quanto antes você iniciar sua estratégia, maior será a probabilidade de garantir uma aposentadoria tranquila.

É importante escolher uma alternativa para investir ao longo do tempo para formar uma reserva para a sua aposentadoria. A indústria financeira está inserida em um ambiente regulatório muito bem estruturado, os operadores licenciados seguem regras restritas de conformidade, segurança e controle de riscos.

Existem diversas alternativas disponíveis no mercado, como por exemplo: poupança, fundos de investimentos de diversas classes de risco. Investidores com mais tempo para acompanhar o mercado podem ainda investir diretamente via corretoras e bancos nos mercados de capitais, em títulos de dívida ou também em ações. Uma boa alternativa para acumular recursos para aposentadoria são os planos de previdência privada, todas essas classes de ativos mencionadas acima podem ser adquiridas dentro dos planos de previdência com diferenças entre um plano e outro.

Existem dois tipos de previdência complementar aberta: o PGBL (Plano Gerador de Benefícios Livres) e o VGBL (Vida Gerador de Benefícios Livres).

A principal diferença entre eles é que os aportes no PGBL permitem que até 12% da renda bruta anual seja dedutível na declaração de IR, porém, quando o plano for resgatado os aportes mais rentabilidade serão tributados como renda dentro da tabela de IR, que pode chegar até 27,5% dependendo do valor mensal de retirada. Já o VGBL não tem o benefício da dedução sobre os aportes, mas quando o plano for resgatado a tributação só ocorrerá sobre os retornos dos rendimentos. Além disto você poderá organizar melhor sua vida financeira, com disciplina de investimentos mensais ou periódicos, pois permite débito em conta corrente ou emissão de boletos para aportes, e os reajustes são automáticos.

Com as mudanças estruturais na economia brasileira, para rentabilizar melhor seus investimentos e construir patrimônio para a sua aposentadoria, você terá que aceitar maior volatilidade (risco) e abrir mão de liquidez. Necessariamente não existe uma alocação com proporção “certa”, cada investidor tem que individualmente definir seu portfólio levando em consideração sua aversão a risco, prazo e capacidade de poupar.

Você, em tese, tem aproximadamente 37 anos para formar patrimônio, logo tem um grande aliado, o tempo. Durante este período você passará por alguns ciclos econômicos e terá a oportunidade de corrigir estratégias malsucedidas, ou mudanças do seu perfil de investimento à medida que se aproxima do momento de se aposentar. Com os juros baixos o mais importante é você ter a disciplina de fazer aportes regularmente que serão necessários para acumular patrimônio e obedecer pacientemente a uma estratégia de acumulação de recursos no longo prazo. 

Existem novas oportunidades para os investidores em alguns mercados, como os de crédito privado e ações. Mas cuidado, a maior diversidade de ativos traz mais opções de investimento, mas que podem oferecer maior risco. Por isso, é fundamental que os investidores procurem se atualizar sobre o mercado e sempre contem com um profissional qualificado para ajudá-las em suas decisões de investimento.

Ricardo Ghilardi é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected].

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: [email protected].

Texto publicado no jornal Valor Econômico em 09 de março de 2020

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