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Como começar a investir no Tesouro Direto?

Sou conservador. Como começar a investir no Tesouro Direto?

Tenho perfil conservador e quero investir no Tesouro Direto. Como começar?

Marcio Wolter, CFP®, responde:

Antes de tudo, vale comentar que essa é a direção correta. O investimento em títulos públicos, além de ser seguro e exigir baixo valor para entrada, ainda possui liquidez e ótima rentabilidade.

O Tesouro Direto é um programa de negociação de títulos públicos para pessoas físicas, através da internet – ou seja, você empresta dinheiro para o governo. Conforme já dito, alia bom retorno com um investimento baixo, a partir de 1% do valor do título com mínimo de R$ 30! Independente da conjuntura econômica ou política, esta aplicação é conhecida como a mais segura do mercado financeiro em termos de crédito, pois os títulos públicos são 100% garantidos pelo Tesouro Nacional. São mais seguros, inclusive, que os investimentos que contam com o Fundo Garantidor de Crédito (FGC), com garantia de até R$ 250.000 do dinheiro aplicado de volta, pois, afinal, se houver um calote do Tesouro provavelmente todo o sistema financeiro do Brasil entraria em colapso – inclusive as aplicações cobertas pelo fundo.

Vale lembrar que há alguns tipos de títulos, segue os detalhes dos principais:

Prefixados: possuem rentabilidade predefinida, quando você compra o título já sabe exatamente quanto ele vai render no seu vencimento. Um exemplo é o Tesouro Prefixado (LTN) paga, atualmente, cerca de 9,5% a.a. até 2023. Este pagamento de juros é feito apenas no vencimento do título ou no seu resgate. Outro título deste tipo é o Tesouro Prefixado com Juros Semestrais (NTN-F), que paga os juros em janeiro e julho. Sobre riscos, o maior é o de mercado: se a taxa de juros subir e o título que foi comprado a 9,50% a.a. passar a ser negociado a 11% a.a., significará que seu título desvaloriza. Porém, você só perderá dinheiro se precisar resgatar antecipadamente, caso deixe o valor investido você receberá, de fato, a taxa combinada e o valor investido sem perdas. Lembrando que o contrário também pode acontecer, com a taxa de juros caindo, neste caso rendendo um valor acima do esperado.  Outro ponto importante é a inflação, que, caso ultrapassasse a rentabilidade contratada, faria com que o investidor perdesse dinheiro.

Pós-fixados: ao contrário do primeiro, aqui você só saberá a rentabilidade no vencimento ou resgate. Isso acontece porque a rentabilidade segue a taxa básica de juros, no caso do Tesouro Selic (LFT), hoje em 8,25% a.a., portanto ele não tem a mesma volatilidade observada nos demais títulos públicos. É considerado um excelente produto para formar a reserva de segurança e tem presença constante na maior parte dos fundos de investimentos do país.

Tesouro IPCA+ (NTN-B): podemos falar separadamente deste título público pois ele tem como característica garantir uma taxa determinada e, além disso, a correção do valor investido pela inflação. Há, também, opções com pagamentos semestrais ou apenas no seu resgate. Para se ter uma ideia, quem investir hoje no Tesouro IPCA + com vencimento em 2035 consegue algo como 5% a.a., além da inflação do período. Cabe mencionar que há aqui o mesmo risco de mercado citado nos títulos prefixados, principalmente numa situação de alta dos juros.

Para um período curto, conforme prazo necessário comentado pelo leitor, o ideal é o título Tesouro Selic (LFT). Como ele acompanha a Selic, o risco de mercado é bem menor se comparado aos demais. A liquidez é de D+1, ou seja, cai na conta um dia após a solicitação do resgate.

Título público definido, agora é decidir pela corretora. A corretora é, na prática, o caminho através do qual o investidor acessa o Tesouro Direto e faz as negociações, portanto deve-se abrir uma conta lá para que aconteça essa intermediação. Existem as corretoras ligadas aos bancos e as corretoras independentes. A grande diferença é o custo, onde nos bancos é normalmente maior, com a taxa podendo chegar a cerca de 0,50% a.a. sobre o valor dos títulos, contra 0,25% ou mesmo sem custo nas independentes.

O site http://www.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro-direto-ranking-dos-agentes-de-custodia permite que o investidor consulte as taxas cobradas por cada instituição. Fora o custo de corretora, cabe informar que há a taxa de custódia da Bovespa, de 0,30% a.a., e esta não tem como fugir. E, para finalizar, o imposto de renda sobre a rentabilidade, que segue uma tabela decrescente de acordo com prazo:

22,5% até 180 dias;

20% entre 181 e 360 dias;

17,5% entre 361 e 720 dias;

15% acima de 720 dias.

Boa sorte com seus objetivos, sucesso!

Márcio Wolter Filho é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. Email: [email protected]

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do site ÉpocaNegócios.com ou da Planejar. O site e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações.

Texto publicado no site Época Negócios em 31 de outubro de 2017.

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