Consultório Financeiro

Como escolher títulos de crédito?

Clarice Oliveira, CFP®, responde:

Conhecer a fundamentação dos títulos de crédito para decisões bem-informadas faz parte de um bom planejamento financeiro, trazendo confiança e segurança ao investir o seu dinheiro.

Os títulos de crédito disponibilizados para investimentos são da categoria de renda fixa, sendo os principais, entre os de emissão de instituições financeiras, o Certificado de Depósito Bancário (CDB), a Letra de Crédito Imobiliário (LCI), a Letra de Crédito do Agronegócio (LCA) e a Letra de Câmbio (LC). Os do Governo Federal são emitidos pela Secretaria do Tesouro Nacional e disponibilizados às pessoas físicas por meio do Tesouro Direto, como o Tesouro Selic, o Tesouro Prefixado e o Tesouro IPCA+. Os de emissão de empresas não financeiras são as Debêntures. Todas as emissões são fontes de captação de recursos.

Os critérios a serem considerados na seleção desses títulos de crédito vão além do retorno financeiro. Antes de tudo, é crucial conhecer o seu perfil de tolerância ao risco. Investidores mais conservadores devem buscar por títulos com menor risco, enquanto os mais arrojados podem optar pelos mais voláteis, que geralmente apresentam maior potencial de retorno.

Ter clareza do objetivo do investimento é essencial para selecionar o título mais adequado à necessidade, como realizar uma viagem ou complementar a renda na aposentadoria etc. Além disso, é importante considerar o horizonte de investimento para o resgate dos recursos. Por exemplo, se os recursos forem para formar a reserva de segurança, é recomendável optar por investimentos de baixo risco e sem carência para resgate.

É necessário compreender a remuneração do título, que pode ser uma taxa de juros prefixada ou pós-fixada, ou mesmo híbrida (exemplo: taxa fixa + IPCA), pois o título poderá apresentar maior ou menor oscilação no valor atualizado pela marcação a mercado.

Em relação à tributação, temos o Imposto de Renda, cujas alíquotas podem variar de 22,5% a 15%, dependendo do prazo de permanência no investimento, e o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que incidirá sobre rendimentos nos resgates efetuados antes de 30 dias. Um ponto positivo é que alguns títulos, como a LCA, a LCI e as Debêntures (categoria Incentivadas), são isentos de Imposto de Renda para pessoas físicas.

Ao considerar investimentos em títulos de crédito, o investidor deve observar algumas precauções importantes, como entender o risco associado a cada título, sendo um dos mais relevantes o risco de crédito. O indicador desse risco é a classificação de rating, que é uma indicação da qualidade de crédito do emissor. Vale lembrar que títulos de emissão do Governo Federal, em geral, são considerados os mais seguros do mercado. Os títulos emitidos por instituições financeiras contam com a proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), até o limite de R$ 250 mil por instituição financeira ou R$ 1 milhão no total por CPF, sendo uma segurança extra.

A diversificação da carteira com títulos públicos e privados de diferentes emissores pode ajudar a mitigar o risco de impactos setoriais. Saber o que considerar e as precauções necessárias ao selecionar um título de crédito demanda um processo contínuo de estudo sobre as práticas e regulamentações associadas.

A recomendação é estudar sempre e, na dúvida, busque a ajuda de profissionais financeiros qualificados.

 

Antonia Clarice Oliveira é planejadora financeira pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. Email: [email protected]

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: [email protected]

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