Consultório Financeiro

Como escolher um fundo de ações diante da oferta grande?

Consultei os fundos de ações de um banco e encontrei diversos tipos com objetivos e resultados distintos. Quais são as diferenças entre os fundos de ações? Qual é o melhor fundo para o meu perfil?

Alexandre Canalini, CFP®:

Uma primeira classificação das principais estratégias utilizadas na administração de fundos de ações leva em consideração o estilo de administração dos ativos.

Gestores que administram “growth funds” são aqueles que procuram investir em empresas que têm tido e continuarão com forte crescimento de lucros, receitas e fluxos de caixa em relação ao mercado. Tradicionalmente são ativos que não possuem histórico de pagamento de dividendos.

Gestores de “value funds” são os que procuram adquirir ações de empresas consideradas de alta qualidade mas, que por algum motivo, estão subvalorizadas; frequentemente possuem baixa relação Preço/Lucro (P/L) e alto “dividend yield”.

Alguns fundos usam uma mistura das estratégias de “growth fund” e “value fund”. A este grupo de fundos o mercado classifica como “blend funds”.

Um último estilo de gestão de recursos em renda variável são os fundos “market neutral”. Estes buscam superar o mercado com um risco menor, usualmente compram ações com perspectiva de alta e fazem hedge com venda a descoberto de ações com perspectiva de baixa.

Uma outra classificação de estratégia de gestão leva em consideração o tamanho das empresas que o fundo investe. Os “large cap funds” são fundos que procuram adquirir ações de empresas com alto valor de mercado. Também chamados de fundos “blue chip” por investirem em empresas maduras. Os “mid cap funds” investem em empresas de médio porte e os “small cap funds” buscam adquirir ações de empresas de pequeno porte e baixo valor de mercado. Pequenas empresas com frequência reinvestem seus lucros para crescimento do negócio, o que torna a expectativa de dividendos muito baixa.

Conhecendo as estratégias de investimento dos fundos de renda variável e o tamanho das empresas que os fundos adquirem ações, é possível combinar essas duas classificações para se definir uma estratégia para cada tipo de fundo.

Podem ser estabelecidas nove combinações entre estilo de gestão e tamanho das empresas como por exemplo: “large cap value”, “large cap blend”, “large cap growth”, “mid cap value”, “mid cap blend”, “mid cap growth”, “small cap value”, “small cap blend” e “small cap growth”.

O entendimento da classificação dos fundos leva o investidor a refletir sobre se o seu perfil de investimento está adequado ao tipo de fundo de renda variável que atualmente investe. Um investidor que busque volatilidade mais baixa e alto pagamento de dividendos não deve estar num fundo classificado como “small cap growth”.

Ainda que os importantes requisitos de “suitability” estejam atendidos, o investimento é inadequado. Adicionalmente, o investidor deve fazer um estudo detalhado de atribuição de performance dos últimos anos. A análise mostrará ao investidor qual a contribuição de rentabilidade de cada ativo ou categoria de ativo dentro do fundo. Se o propósito do fundo coincidir com a análise de atribuição de performance, tudo está dentro do proposto. Caso contrário, é necessária uma reflexão sobre a aderência da gestão ao objetivo do fundo.

Considerando o entendimento sobre as estratégias de gestão e a importância da atribuiçãode performance, convido os leitores a responder três perguntas: Qual é a estratégia adotada pelo gestor de seu fundo de ações? A estratégia do gestor é adequada ao seu objetivo em relação à parcela de recursos em renda variável? A atribuição de performance do seu fundo de ações é compatível com a proposta de gestão do administrador do fundo?

Respondidas as perguntas, o investidor poderá ter mais segurança em relação aos recursos aplicados em fundos de renda ações.

Alexandre Canalini é professor da PUC-RJ, Planejador Financeiro Pessoal e possui a Certificação CFP (Certified Financial Planner) concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected]

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: [email protected]

Texto publicado no jornal Valor Econômico em 05 de março de 2012.

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