Como investir em ações por meio de plataformas de crowdfunding e quais cuidados tomar antes de começar?
Eron Z. Coelho, CFP®, responde:
A transformação digital abriu novas portas para investimentos, oferecendo alternativas atrativas para investidores mais sofisticados. O crowdfunding, amplamente utilizado em países desenvolvidos desde 2009, ganhou espaço no Brasil nos últimos anos. Essa modalidade de investimento, que pode ser traduzida como “financiamento coletivo” ou então “colaborativo”, permite que empresas de pequeno porte – geralmente start-ups – tenham acesso a recursos de investidores que estejam dispostos a viabilizar seu crescimento. Em troca, os investidores podem receber recompensas ou participação societária, no caso do equity crowdfunding.
Esse tipo de investimento passou a ser regulado no Brasil a partir de 2017, e desde então são mais de 60 plataformas eletrônicas de crowdfunding registradas na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). De acordo com a Associação Brasileira de Crowdfunding de Investimento – CROWDINVEST, as projeções indicam que essa modalidade poderá movimentar mais de R$ 150 milhões anualmente.
A CVM, porém, impõe regras específicas para o crowdfunding no Brasil. A captação de recursos é restrita a sociedades empresariais de pequeno porte, com receita bruta anual inferior a R$ 10 milhões e que não sejam emissoras de valores mobiliários. Embora qualquer investidor possa participar das ofertas, existem limites de aplicação que são definidos de acordo com seu patrimônio. Como regra geral, os investidores podem aplicar no máximo R$ 10 mil por ano (limite que não se aplica aos investidores qualificados, ou seja, aqueles que já possuem valor superior a R$ 1 milhão em aplicações financeiras).
No equity crowdfunding, o valor investido confere ao investidor uma parcela do capital social da empresa proporcional ao investimento realizado. O retorno esperado, portanto, tem relação com o desempenho esperado da empresa, e consequentemente com a valorização da participação societária detida pelo investidor. Nesses casos, os retornos podem ocorrer através da distribuição de lucros no futuro ou da venda da participação do investidor.
Como essa é uma modalidade relativamente nova no Brasil, é crucial que os investidores fiquem atentos para evitar problemas. Aqui estão três dicas para mitigar riscos e aumentar as chances de sucesso no equity crowdfunding:
1 Priorize a segurança. É fundamental que o investimento seja feito em um ambiente confiável. Para isso, certifique-se de que a plataforma de crowdfunding escolhida esteja registrada na CVM. É importante também pesquisar sobre a reputação e credibilidade da plataforma por meio de avaliações e comentários de usuários. Por se tratar de um investimento de alto risco, a transparência e o suporte ao cliente podem ser um indicativo da seriedade da plataforma.
2 Diversifique seus investimentos. O equity crowdfunding apresenta riscos, incluindo a possibilidade de a empresa não ter um desempenho satisfatório nos primeiros anos ou até mesmo encerrar suas atividades. Ou seja, existe o risco da perda total ou parcial do dinheiro investido. Por esse motivo, a diversificação é fundamental. O Crowdfunding deve representar apenas uma fração do seu portfólio total. Aplicar em projetos de diferentes empresas também ajuda a mitigar o risco.
3 Respeite os prazos. Como usualmente o retorno financeiro desse tipo de investimento é decorrente da venda de participação societária, fique atento ao prazo de cada projeto. É importante saber por quanto tempo você terá que manter o investimento antes de poder acessar seus retornos. Ao contrário de ações, muitos investimentos em crowdfunding podem ter baixa liquidez, dificultando a venda da participação antes do término do prazo.
Além dessas orientações, é fundamental que os investidores respeitem seu perfil de investidor e busquem a orientação de um profissional qualificado para tomar decisões mais informadas.
Eron Zotelli Coelho é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: [email protected]
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