Qual recomendação para investimentos em títulos pós fixados?
“Tenho uma carteira de investimentos concentrada em títulos pós-fixados. Porém os juros estão baixos. Qual a recomendação neste caso?”
André Loureiro, CFP®, responde:
Estamos vivendo em nosso país um momento de incerteza nos meses que antecedem as eleições para presidente e governadores.
Os mercados financeiros pareciam mais calmos com o estabelecimento da menor taxa Selic dos últimos tempos. O governo pós-impeachment iniciou comprometido em ordenar as contas públicas e manter a inflação sob controle.
No entanto, não conseguiu passar a reforma da Previdência e foi surpreendido pela greve dos caminhoneiros. No cenário externo, os EUA aumentaram os juros dos títulos públicos, atraindo investidores.
Esses fatos parecem ter refletido no mercado doméstico. Entre o final de maio e começo de junho, o Ibovespa despencou mais de 15% e a curva de juros futuros passou a projetar riscos mais altos para os próximos meses.
Nesse cenário, não seria mau negócio manter seus títulos pós-fixados em carteira, pelo menos enquanto aguarda a situação se estabilizar. Primordial aqui é fazer uma reserva de emergência que seja equivalente a algo entre seis e 12 meses de suas despesas atuais. Essa reserva pode ser mantida nos títulos pós-fixados, contanto que tenham alta liquidez para resgates emergenciais.
Outras alternativas aqui são títulos Selic e aplicações como CDB e fundos DI, cujo prazo entre resgate e disponibilidade em conta não ultrapasse 5 dias.
Para ter um acesso adequado aos ativos financeiros oferecidos pelo seu banco ou corretora, o primeiro passo, após a abertura de conta, é preencher o questionário de Análise de Perfil de Investidor (API).
A API, normatizada pela Instrução CVM 539/2013, serve para os bancos e as corretoras de valores avaliarem as necessidades financeiras e conhecimentos de seus clientes. Assim, direcionam investimentos e informações que melhor se adequam ao perfil do cliente. É de suma importância manter suas respostas sempre atualizadas.
Reserva de emergência formada e API preenchida, a diversificação da carteira é o próximo item para construção de seu portfólio. Aqui é possível começar definindo quanto será alocado em renda fixa, que proporciona retornos mais seguros, e quanto ficará em renda variável, que tem maior potencial de ganhos e perdas.
Para quem não tem disponibilidade ou segurança para montar uma carteira de investimentos própria, uma boa alternativa é distribuir recursos em fundos de investimento. Existe uma infinidade de fundos de investimento, com estratégias e focos diferentes de atuação. Se seguir por esse caminho, tenha atenção à taxa de administração cobrada e eventuais taxas de performance.
Se preferir montar a própria carteira, vai encontrar instrumentos de renda fixa vinculados a dívida pública e privada. Títulos públicos federais são negociados na plataforma on-line do Tesouro Direto e podem ser de três tipos: Selic, prefixados e os que pagam inflação mais juros fixos. Para quem está iniciando, o título Selic é o que tem menor risco de perdas.
Na dívida privada, você encontrará CDB, RDB, letras de crédito imobiliário (LCI) e do agronegócio (LCA), oferecidos por instituições financeiras, ou debêntures, que são emitidas por empresas não financeiras para financiar suas operações. Esses investimentos costumam apresentar seus retornos em comparação relativa ao CDI ou IPCA ou mesmo pagam juros fixos.
No segmento de renda variável, é possível investir em ações, fundos de índice (ETFs), recibos de ações estrangeiras negociados no Brasil (BDRs), fundos imobiliários (FIIs), commodities e derivativos, tais como opções e futuros. Cada um desses produtos apresenta particularidades cuja explicação não caberia aqui.
Gerenciar portfólio de investimentos é uma arte que requer bons conhecimentos de finanças. Informe-se o máximo possível antes de contratar um investimento. Caso queira mais segurança, busque a ajuda de um planejador financeiro.
André Loureiro é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected].
As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: [email protected].
Texto publicado no jornal Valor Econômico em 06 de agosto de 2018