Consultório Financeiro

Minha corretora me ofereceu opções e futuros: vale a pena?

Já invisto em ações há algum tempo e a minha corretora me ofereceu operações também na bolsa de futuros. Queria entender melhor como funcionam os mecanismos de opções, como são os contratos de DI, de dólar e de commodities e como é a tributação. Quando e como devo recolher IR sobre essas operações? (J.J.)

Camila Zago Vianna, CFP®:

Para o investidor que já conhece a dinâmica do mercado acionário e pretende iniciar suas operações na bolsa de mercadorias e futuros, é importante conhecer as modalidades, as vantagens e os riscos dos mercados de derivativos. Existem basicamente quatro tipos de mercados de derivativos: mercado futuro, opções (como os citados em sua pergunta), termo e swap.

Derivativos são instrumentos financeiros que derivam, parcial ou integralmente, do valor de outro ativo. Sua utilização está vinculada à necessidade de administração do risco de alteração de preço das mercadorias ou ativos financeiros.

Originalmente, esse mercado era utilizado na negociação de commodities e mais recentemente de ativos financeiros (como DI, dólar e ações). Exemplo: um produtor de café utiliza a venda de futuros para fixar o preço da sua produção que ainda não pode ser colhida, protegendo-se, dessa forma, de quedas de preços que podem ocorrer quando a oferta aumenta repentinamente, como durante a safra. O comprador do futuro pode ser um fabricante de café em pó que recorre ao contrato para se proteger de possíveis altas nos preços da mercadoria.

Existem diferentes objetivos para utilização dos instrumentos de derivativos, mas os quatro principais são: proteção, alavancagem, especulação e arbitragem. Essas operações são recomendadas a diversos investidores, como fundos de investimentos e de pensão, investidores profissionais, produtores agrícolas e os investidores individuais, que buscam diversificação de suas carteiras.

Aos investidores individuais, os derivativos dão acesso a novos ativos, como petróleo, futuros de DI ou de dólar, pulverizando o risco entre vários ativos. Muitos possuem uma “correlação negativa” com o mercado acionário, como, por exemplo, as commodities. Em outras palavras, os preços das commodities tendem a subir quando os preços das ações caem. Assim, mesmo um ativo de risco pode trazer diminuição do risco total da carteira do investidor individual.

Entretanto, é preciso analisar qual modalidade será utilizada e em que tipo de ativo, pois algumas exigem valores altos e garantias de margem (como os contratos de DI e US$), podendo inviabilizar tais operações.

Os derivativos são negociados de duas formas: em bolsas organizadas ou em balcão. As vantagens da negociação em bolsa são a liquidez, preços competitivos e proteção contra a inadimplência. No Brasil, a maior parte das operações com derivativos ocorre no segmento de mercado futuro da BM&FBovespa.

Nas bolsas de futuros, os preços dos contratos são monitorados a cada momento, de forma muito parecida ao processo pelo qual os preços das ações à vista são fixados nas bolsas de valores. Muitos negociantes de futuros não têm jamais a intenção de tomar posse do ativo que está sendo negociado. O dinheiro não troca de mãos no momento em que uma operação futura é fechada.

O IR das operações com contratos futuros, termo e opções que forem caracterizadas como renda variável será de 15% sobre o resultado positivo líquido apurado em períodos mensais e pago, pelo investidor, até o último dia útil do mês subsequente. Nos casos de “day trade” (ganho líquido auferido na negociação no mesmo dia, com o mesmo ativo), a tributação é específica, aplicando-se alíquota de 20% sobre o resultado positivo.

Os investidores devem estar cientes dos riscos das operações com derivativos, que possuem volatilidade elevada. E o mercado pode apresentar comportamento contrário às suas expectativas, podendo causar grandes perdas patrimoniais. Antes de atuar, o investidor deve procurar a corretora que o atende para esclarecimento de dúvidas e riscos envolvidos.

Camila Zago Vianna é Planejadora Financeira Pessoal e possui a Certificação CFP® (Certified Financial Planner) concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros. E-mail: [email protected]

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para : [email protected]

Texto publicado no jornal Valor Econômico em 2011.

0