Consultório Financeiro

Será que estou investindo da maneira mais adequada?

Tenho uma renda mensal de R$ 14 mil e um custo mensal de R$ 7 mil. Costumo investir R$ 800,00 em um fundo de previdência de renda fixa (do tipo VGBL) de um banco de varejo. Também aplico R$ 200,00 em um segundo fundo de previdência de renda fixa (VGBL) para minha filha em outro banco de varejo. O prazo desta aplicação é de 20 anos. Por último, todo mês, deposito R$ 5 mil em um fundo de investimento de ações gerido por uma corretora. Será que estou investindo de forma correta, visando ao médio e longo prazos?

Oswaldo Sena, CFP®:

Prezado leitor, devido à sua disciplina de gastar menos do que ganha, quase metade de sua renda é direcionada para investimentos. Isso é muito positivo e demonstra uma situação financeira muito propícia para acumulação de riqueza, além de seu desejo de tornar isso uma realidade. Parabéns.

A resposta à sua pergunta é sim e não. Sim, porque você está investindo regularmente, de forma disciplinada – com uma quantia fixa, técnica conhecida como Dollar Cost Averaging (DCA). E não, não está investindo de maneira correta, porque você parece estar concentrando grande parte de seus investimentos em alto risco.

É importante pensar também em preservação de capital para não perder aquilo que vai sendo conquistado. Podem ocorrer imprevistos ao longo da jornada e precisamos estar preparados. Portanto, caso ainda não tenha, é recomendável construir uma reserva financeira de segurança, com valor correspondente aos seus custos acumulados de 6 a 12 meses (isso leva em conta um cenário de desaquecimento econômico). Essa reserva deve ficar investida em baixo risco e alta liquidez como poupança, fundos DI e renda fixa.

Outro ponto importante é a diversificação, necessária para reduzir os riscos associados a seus investimentos. Nesse sentido, você poderia reduzir o investimento mensal no fundo de ações e direcionar uma parte para aplicações de menor risco, criando uma carteira mais diversificada e equilibrada.

Comece avaliando o seu perfil de investidor. Pela distribuição de seus investimentos atuais, com alta concentração de aplicações em um fundo de ações, você parece ter um perfil bastante arrojado (sujeito a grandes variações). Isso reflete corretamente o seu perfil? Pense nisso e determine uma alocação – distribuição do capital entre diferentes tipos de investimentos, como renda fixa, multimercados, ações, imóveis etc. e em determinadas proporções – que melhor represente o seu verdadeiro perfil.

Depois disso, continue investindo regularmente, mas de forma a respeitar a nova alocação escolhida. Com o tempo, as variações de mercado vão causar alterações em sua alocação. Por isso, é importante fazer o rebalanceamento periodicamente (trimestral, semestral ou anual) para manter a alocação definida.

O rebalanceamento automaticamente força a venda na alta e a compra na baixa (devido ao fenômeno de regressão à média), algo que muitos investidores não conseguem fazer na prática, além de garantir a realização de lucros e o crescimento do capital.

Avalie também o fundo de ações no qual está investindo. É referenciado ao índice? Qual a estratégia de investimento do fundo? É alavancado (uso de derivativos)? Conhece as taxas de administração e de performance? Está adequado ao seu perfil? Existem melhores alternativas?

Por último, como você investe em VGBL, imagino que seja empresário. Caso contrário, deveria se beneficiar por meio do uso de PGBL – e fazer a declaração de imposto de renda pelo modelo completo – reduzindo, assim, sua base de cálculo do imposto de renda.

Oswaldo Sena é Planejador Financeiro Pessoal e possui a Certificação CFP (Certified Financial Planner) concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros Email: [email protected]

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para : [email protected]

Texto publicado no jornal Valor Econômico em 30 de janeiro de 2012.

0