Títulos públicos federais: o que investidores iniciantes devem considerar ao investir no Tesouro Direto?

Elaine Galvão, CFP®, responde:

Os títulos públicos federais, oferecidos pelo Tesouro Direto, são uma das opções de investimento mais conhecidas no Brasil. Com acessibilidade e baixo risco, atraem muitos investidores iniciantes. Para investir em títulos públicos, você só precisa ter um CPF (cadastro de pessoa física) e uma conta em uma instituição financeira habilitada ao Tesouro Direto.

Até junho de 2024, conforme dados do Banco Central do Brasil, o Tesouro Direto tinha aproximadamente 2,66 milhões de investidores ativos, um crescimento expressivo em relação ao ano anterior. Mais de 28 milhões de brasileiros já investiram por meio do programa, com um aumento de 17,4% em comparação a junho de 2023.

Dada a diversidade de modalidades, é fundamental entender as características de cada título para que a escolha se alinhe ao perfil de risco e aos objetivos do investidor. Essa análise é essencial para garantir uma decisão consciente em relação ao planejamento financeiro.

Os títulos públicos são instrumentos de dívida emitidos pelo governo para financiar atividades essenciais, como infraestrutura, saúde e educação. Ao investir, o investidor “empresta” dinheiro ao governo, que se compromete a devolver o valor acrescido de juros em uma data futura. Esses títulos são considerados seguros, garantidos pelo Governo Federal, mas não estão isentos de riscos, como:

  • Risco de Mercado: oscilações no preço dos títulos conforme as taxas de juros.
  • Risco de Liquidez: dificuldade em vendê-los a um preço favorável antes do vencimento.
  • Risco de Inflação: que pode afetar o poder de compra do investidor.

Para escolher o título mais adequado, é importante conhecer as diferentes modalidades disponíveis. O Tesouro Selic é ideal para quem busca liquidez e segurança, pois acompanha a taxa básica de juros da economia (Selic). O Tesouro Prefixado oferece uma taxa fixa, definida no momento da compra, sendo vantajoso para investidores que esperam uma queda nos juros futuros e desejam garantir uma rentabilidade previsível. O Tesouro IPCA+, oferece rentabilidade atrelada à inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), mais uma taxa de juros fixa. Isso significa que o investidor garante um retorno acima da inflação, preservando o poder de compra ao longo do tempo.

Além desses, há opções mais recentes que permitem estruturar o planejamento financeiro, como o Tesouro Educa+, focado na educação dos filhos, e o Tesouro Renda+, voltado para o planejamento de aposentadoria.

Vamos a um exemplo: Se um investidor deseja comprar um carro em dois anos, o Tesouro Selic pode ser uma escolha adequada, pois oferece liquidez e segurança a curto prazo. Para metas de longo prazo, como aposentadoria, o Tesouro IPCA+ ou o Tesouro Renda+ são mais indicados, pois garantem a proteção do poder de compra.

Alguns títulos também oferecem pagamentos de cupons, ou seja, juros periódicos. O Tesouro Prefixado com juros semestrais permite que o investidor receba cupons adicionais durante o investimento, útil para quem busca renda passiva, sendo importante lembrar que a taxa de juros pode ser reinvestida para potencializar os ganhos.

Outro ponto que merece atenção são os custos operacionais e a tributação. Investir no Tesouro Direto pode implicar na cobrança de dois tipos de taxas:

1- Taxa de Custódia – que é cobrada semestralmente pela B3;

2- Taxa de Administração – que pode ser cobrada pela Instituição Financeira (corretoras, bancos ou distribuidoras de títulos de valores)

Além disso, aplica-se o Imposto de Renda regressivo sobre os rendimentos, que diminui conforme o tempo da aplicação, o que impacta diretamente a rentabilidade líquida. Por isso, é relevante considerar esses custos e compará-los com outras alternativas, como CDBs (Certificados de depósitos Bancários) e fundos de renda fixa, dentro do planejamento financeiro.

Para um planejamento financeiro adequado, é recomendável que o investidor iniciante busque orientação especializada de um planejador financeiro certificado, que poderá auxiliar na análise dos fatores envolvidos e sugerir o título mais alinhado ao perfil de risco e aos objetivos financeiros. Dessa forma, o investidor pode fazer escolhas conscientes, estratégicas e alinhadas aos projetos pessoais.

As decisões de investimento devem sempre ser fundamentadas em um planejamento financeiro sólido e consciente, respeitando os objetivos e o perfil de risco do investidor.

Elaine Galvão é planejadora financeira pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: [email protected]

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do site ÉpocaNegócios.com ou da Planejar. O site e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações.  

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